A revelação de que “O Brutalista” e “Emilia Pérez”, filmes indicados ao Oscar 2025 em 10 e 13 categorias, respectivamente, incluindo melhor filme, utilizarem recursos de inteligência artificial para aprimorar o sotaque de seus atores durante a produção gerou amplos debates nas redes sociais.
Entre as discussões, foi revelado que outros filmes da mesma safra nomeada ao prêmio, como “Duna: Parte 2” e “Um Completo Desconhecido”, também usaram IA durante o desenvolvimento.
Segundo a Variety, a popularização das ferramentas, sejam aplicadas em pequena ou ampla escala, levou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas a avaliar uma possível mudança nos critérios de inscrição para o Oscar, que pode obrigar a transparência em relação ao uso de inteligência artificial.
No momento, a Academia oferece um formulário opcional para a divulgação do uso de IA, mas a investigação dos detalhes nesse processo deve implicar em novas regras para o Oscar de 2026, que serão publicadas no mês de abril.
Outra premiação que torna esse debate urgente é a do Visual Effects Society (VES), que esse ano traz uma série de ferramentas generativas entre os indicados da categoria de tecnologia emergente. Entre os destaques, o conjunto de instrumentos Revize, desenvolvido pela empresa de efeitos visuais Rising Sun Pictures, já está sendo utilizado para “substituição de rostos, modificação de desempenho facial, rejuvenescimento, substituições de partes de corpos”, entre outras habilidades.
O Revize teria sido aplicada em filmes como “Furiosa”, “Um Completo Desconhecido” e “Sonic 3”, entre outros exemplos de grandes lançamentos do cinema americano.
Por sua vez, outro conjunto de ferramentas indicado, criado pela startup Metaphysic, teria sido aplicado em filmes como “Aqui”, de Robert Zemeckis, e “Alien Romulus”, que concorre ao Oscar de melhores efeitos visuais.
No caso de “O Brutalista” e “Emilia Pérez”, a ferramenta utilizada foi a tecnologia de áudio Respeecher.
Segundo o diretor de “O Brutalista”, Brady Corbet, o Respeecher “foi usado apenas na edição de diálogos em húngaro, especificamente para refinar certas vogais e letras para precisão”. No caso do musical de Jacques Audiard, a ferramenta teria sido usada apenas para aprimorar os vocais da atriz Karla Sofía Gascón e afinar o espanhol das atrizes Zoe Saldaña e Selena Gomez.
Em entrevista à Variety, uma fonte próxima ao mercado de efeitos visuais afirmou que as discussões sobre o assunto não colocam em risco o trabalho de atores e o que há de genuíno na produção cinematográfica.
“Não é possível criar uma boa performance digital sem que ela esteja baseada em um ator humano. A honra ao trabalho que é feito por toda uma equipe, em conjunto, é o que define a temporada de premiações. Qualquer um concordará que é sobre colaboração. Esse sempre será o caso.”
Fonte: noticias ao minuto