O poeta carioca Armando Freitas Filho, autor de uma das obras líricas mais bem consolidadas do país, morreu nessa quinta-feira aos 84 anos.
A informação foi confirmada por sua editora, a Companhia das Letras, que disse apenas que a morte se deveu a “complicações de saúde”.
Freitas Filho tem obra que remonta a 1963, quando lançou Palavra, o pontapé inicial de um projeto poético que reuniria em torno de 15 livros bem esmerados – o mais recente, Rol, saiu em 2016, se não contarmos a edição limitada de Cristina, em 2021, feita artesanalmente e voltada aos amigos.
A Companhia prepara um último livro, agora póstumo, que deve sair em novembro. O nome será Respiro.
O leitorado do poeta foi surpreendido por um lançamento tardio de sua prosa reunida, em um volume apropriadamente intitulado Só Prosa, de 2022.
São textos curtos em que ele conta sua formação literária, reflete sobre seu ofício e lembra o contato com alguns dos principais autores do século 20, como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e Ana Cristina Cesar – que, aliás, foi uma de suas melhores amigas, dona de uma obra que ele passou a organizar após a morte precoce dela, em 1983.
Os dois se aproximaram nos anos 1970, quando ela integrava o grupo de escritores que ganhou rótulo de poesia marginal. O amigo, contudo, nunca se filiou a movimentos.
Em 2018, o poeta contou à Folha de S. Paulo sobre seu primeiro contato de menino com a obra de Drummond, em uma sensação de familiaridade imediata. “Drummond é que me conhecia e não eu a ele”, escreveu.
As obras de Freitas Filho receberam duas das distinções mais importantes da literatura brasileira. Ele venceu o prêmio Jabuti por 3×4, livro de 1986, e o Alphonsus de Guimaraens, da Biblioteca Nacional, por Fio Terra, de 2000.
Fora dos livros, trabalhou como pesquisador na Biblioteca Nacional e na Fundação Casa de Rui Barbosa e, mais tarde, foi assessor na presidência da Funarte.
Ele deixa a mulher, Cristina, e dois filhos, Carlos e Maria.
Fonte: Notícias ao Minuto