O primeiro ministro húngaro encontrou-se nessa sexta-feira em Moscou com o presidente russo, Vladimir Putin, para discutir a situação na Ucrânia, uma visita realizada três dias depois de Viktor Orbán ter estado em Kiev com Volodymyr Zelensky e que foi classificada pela União Europeia como uma potencial ameaça, que mina a posição do bloco sobre o conflito e foi criticada pelas autoridades ucranianas.
Putin recebeu Orbán no Kremlin, onde o presidente russo disse esperar que o húngaro falasse pela Europa como titular da presidência rotativa da UE, acrescentando que esperava que Orbán delineasse “a posição dos parceiros europeus” sobre a Ucrânia.
O líder russo afirmou ainda que queria “discutir as nuances que se desenvolveram” sobre o conflito com Orbán, mas deixou claro que a Ucrânia deve abandonar quatro regiões no leste e no sul que Moscou reivindica como suas, se Kiev quiser a paz. “Estamos falando sobre a retirada total de todas as tropas das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, e das regiões de Zaporijia e Kherson”, declarou Vladimir Putin, após o que chamou de uma conversa “franca e útil” com o primeiro ministro da Hungria, país que desde esta semana e até final do ano ocupa a presidência rotativa da União Europeia.
Orbán, por seu turno, afirmou que as posições dos dois lados nessa guerra estão “distantes” e que seriam necessárias “muitas” medidas para acabar com o conflito. “Em termos de diálogo e de restauração do diálogo, o primeiro passo importante foi dado hoje e continuarei este trabalho”, referiu.
As reações vindas da Europa não se fizeram esperar, com duras críticas a Orbán. “O apaziguamento não impedirá Putin. Só a unidade e a determinação abrirão o caminho para uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia”, escreveu no X a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyern.
O líder da diplomacia da UE, Josep Borrell, sublinhou que a “visita de Orbán a Moscou ocorre, exclusivamente, no âmbito das relações bilaterais entre a Hungria e a Rússia” e lembrou que o húngaro “não recebeu nenhum mandato do Conselho da UE para visitar Moscou”.
Também o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, esclareceu que Budapeste informou a Aliança dessa visita, mas que “Viktor Orbán não representa a OTAN nestas reuniões. Ele está representando o seu próprio país”.
“A decisão de fazer esta viagem foi tomada pelo lado húngaro sem qualquer acordo ou coordenação com a Ucrânia”, informou a diplomacia ucraniana. “Lembramos que para o nosso país o princípio ‘nenhum acordo sobre a Ucrânia sem a Ucrânia’ permanece inviolável”, insistiu Kiev.
Autor: ana.meireles@dn.pt
Fonte: Notícias ao Minuto