Entre 1985 e 2023, cerca de 199,1 milhões de hectares de terra foram queimados, pelo menos uma vez, no Brasil, representando quase um quarto (23%) do território nacional, segundo levantamento divulgado hoje pelo MapBiomas.
A organização não-governamental, que realiza estudos anuais para mapear a cobertura e uso da terra no Brasil, revelou que mais de dois terços da área afetada pelo fogo (68,4%) correspondem a vegetação nativa, enquanto aproximadamente um terço (31,6%) é área modificada pela ação humana, como pastagens e áreas agrícolas.
Principais áreas afetadas
Os dados do MapBiomas indicam que quase metade (46%) da área queimada está concentrada nos estados de Mato Grosso, do Pará e do Maranhão e cerca de 60% de toda a área queimada ocorreram em propriedades privadas. Em média, 18,3 milhões de hectares, ou 2,2% do território brasileiro, são afetados pelo fogo a cada ano.
A estação seca, entre julho e outubro, concentra 79% das ocorrências de incêndios no Brasil, sendo setembro responsável por um terço do total (33%).
Frequência de queimadas
“Os dados do MapBiomas Fogo mostram que cerca de 65% da área afetada pelo fogo no país foram queimados mais de uma vez em 39 anos, com o Cerrado sendo o bioma com a maior quantidade de área queimada recorrente”, destacou o levantamento.
Os biomas do Cerrado e da Amazônia concentraram cerca de 86% da área queimada pelo menos de uma vez no Brasil em 39 anos. No Cerrado, foram 88,5 milhões de hectares, ou 44% do total nacional, enquanto na Amazônia foram 82,7 milhões de hectares (42%).
Impactos no Cerrado e na Amazônia
Embora Cerrado e Amazônia apresentem números absolutos semelhantes de área queimada, esses biomas têm tamanhos diferentes. No Cerrado, a área queimada equivale a 44% do território, enquanto na Amazônia esse percentual é de 19,6%.
“A Amazônia enfrenta um risco elevado com a ocorrência de incêndios devido à sua vegetação não ser adaptada ao fogo, agravando a degradação ambiental e ameaçando a biodiversidade local”, explicou a coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar. “A seca histórica e as chuvas insuficientes intensificam a vulnerabilidade da região.”
“O Cerrado tem sofrido com altas taxas de desmatamento, o que resulta no aumento de queimadas e no risco de incêndios descontrolados, alterando o regime natural do fogo. Essas mudanças impactam negativamente o equilíbrio ecológico, pois o fogo, embora seja um componente natural do Cerrado, está ocorrendo com uma frequência e intensidade insustentáveis”, avaliou a coordenadora técnica do MapBiomas Fogo, Vera Arruda.
Situação do Pantanal
Apesar das preocupações com o Cerrado e a Amazônia, o bioma brasileiro que mais queimou proporcionalmente à sua área nos últimos 39 anos foi o Pantanal, com nove milhões de hectares queimados. Embora representem apenas 4,5% do total nacional, esses incêndios afetaram 59,2% do bioma.
No ano passado, mais de 600 mil hectares foram queimados no Pantanal, dos quais 97% entre setembro e dezembro. Novembro concentrou 60% da área queimada total. O Pantanal, adaptado ao fogo, enfrentou incêndios intensos devido às secas prolongadas.
Fonte: Notícias ao Minuto
