A 40 km de Palmas, no Tocantins, uma pequena comunidade rural vivenciou uma transformação que trouxe esperança e novas oportunidades. O assentamento Irmã Adelaide, com mais de vinte anos de existência, nunca teve uma feira onde os moradores pudessem vender seus produtos. Essa realidade mudou graças a um projeto inovador criado pela educadora Sirleyva Braz, com o apoio do Sebrae.
A ideia nasceu em uma sala de aula e se materializou em um campo de futebol de terra batida. De dia, o campo é usado para jogos; à noite, se transforma em uma feira vibrante que mudou a realidade da comunidade.
Sirleyva Braz, vencedora do prêmio Educador Transformador, conta que a inspiração veio ao perceber a dificuldade dos alunos em ter uma renda. “Conversando com eles, percebi que alguns não tinham sequer dinheiro para comprar um lanche na escola. Pensei, preciso fazer algo para ajudar essas famílias,” diz Sirleyva. Com a ajuda do Sebrae, a ideia saiu do papel e se tornou um sucesso.
“Desde o primeiro contato com o Sebrae, a assessoria e os outros profissionais conseguiram transformar a ideia que estava na minha cabeça no sucesso que foi a nossa feira. O apoio foi feito com todo carinho, respeito e paciência. Conseguimos formalizar alguns produtores com a abertura do CNPJ com o apoio do Sebrae. Eu não só senti o nosso povo visto, como me senti parte de uma sociedade que até então era esquecida por muitos,” conta Sirleyva emocionada.
Para o Sebrae, a formalização dos pequenos produtores rurais traz diversas vantagens, como acesso a linhas de crédito e maior competitividade no mercado. A contribuição dos pequenos negócios na transformação de realidades locais é evidente na feira do assentamento Irmã Adelaide.
A agricultora Joiza Guajajara viu na feira a oportunidade de vender seus produtos. “Aproveitei para vender aos meus queridinhos, eu e meu marido acordamos cedo e já fomos colher nossas frutas. Ficamos felizes que outras pessoas iriam conhecer a salada de frutas dele e eu vender as frutas,” compartilha Joiza, animada com a nova oportunidade.
Antônio Vieira, conhecido como Chambari, também encontrou na feira uma forma de sustentar sua família. “Eu estou muito feliz. Trouxemos bastante comida e conseguimos vender tudo. As pessoas que passaram na nossa banca saíram muito felizes por comer a melhor comida desse lugar,” relata Antônio com orgulho.
Eva Alves de Oliveira, por sua vez, levou pipoca, salgados e docinhos para a feira, todos feitos com o leite de suas três vacas. “Meus doces e pães têm segredo de família, e eu sempre quis que outras pessoas experimentassem. Agora, eu tenho essa oportunidade,” diz Eva, emocionada ao ver seus produtos serem apreciados pela comunidade.
O Sebrae também tem intensificado seus esforços no campo. De 2020 para cá, cerca de 1,1 milhão de atendimentos foram realizados para o segmento rural. O número de pequenos negócios rurais atendidos saltou de 69 mil para 163,6 mil, um aumento de 137%. Com o lançamento do Plano Safra para a Agricultura Familiar 2023/2024, mais de R$ 71,6 bilhões em crédito rural foram disponibilizados, prometendo ainda mais crescimento.
Sirleyva Braz sonha com o futuro. Ela espera que a feira do assentamento Irmã Adelaide saia do campo de futebol e se torne uma feira coberta, como em várias cidades. “Sonho que pequenos produtores rurais possam levar sustento para casa através do suor do seu trabalho, e que seus filhos tenham um futuro, seja na cidade ou no campo, onde não falte dinheiro para um lanche no intervalo da aula,” conclui Sirleyva, com esperança e determinação.
