O presidente Vladimir Putin celebrou ontem em Moscovo os avanços russos na região ucraniana de Kharkiv e a recaptura de uma cidade simbólica mais a sul, uma das poucas conquistas da Ucrânia na falhada contraofensiva do último verão. Enquanto isso, em Kiev, o secretário de Estado norte-americano anunciava uma nova ajuda militar e afirmava que Washington não proibiu explicitamente a Ucrânia de usar armas ocidentais para atacar alvos dentro da Rússia.
“Em todas as direções, as nossas tropas estão constantemente, todos os dias, a melhorar as suas posições”, afirmou Putin aos líderes militares da Rússia, incluindo o novo ministro da Defesa, Andrei Belousov. Moscovo garante ter capturado algumas aldeias na região de Kharkiv, a segunda maior cidade do país, e esta quarta-feira adicionou Glyboke e Lukyantsi à sua lista – estas duas últimas ficam no eixo ocidental aberto pelo exército russo na ofensiva que lançou em duas direções diferentes na região de Kharkiv a partir da Rússia.
O Ministério da Defesa russo disse também ter recapturado a aldeia de Robotyne, na região de Zaporíjia (sul), um dos poucos locais que Kiev recuperou em agosto, na sua contraofensiva do verão passado, mas as autoridades ucranianas negaram esta conquista por parte de Moscovo. “Na zona de Robotyne houve quatro combates desde o início do dia. Não há alterações nas posições das nossas tropas e a situação está sob controlo”, disse o exército ucraniano.
Um porta-voz militar ucraniano admitiu na madrugada de ontem que Kiev havia retirado tropas, inclusive perto de Lukyantsi, devido aos esmagadores ataques russos e à necessidade de salvar as vidas dos soldados. Horas depois, o gabinete do presidente Volodymyr Zelensky anunciou que estavam a mobilizar reforços para a região de Kharkiv.
Dos Estados Unidos vieram entretanto boas notícias, transmitidas ontem pelo secretário de Estado norte-americano durante a sua visita a Kiev, uma viagem realizada poucas semanas depois do Congresso ter aprovado um pacote de ajuda financeira de 61 mil milhões de dólares (cerca de 56 mil milhões de euros) para a Ucrânia, após meses de bloqueio por partes dos republicanos.
Antony Blinken anunciou uma ajuda imediata à Ucrânia de cerca de 1,8 mil milhões de euros, sendo que 1,4 mil milhões é proveniente do pacote aprovado pelo Congresso. O restante será reprogramado a partir de diferentes contas, disseram fontes oficiais à AP. O líder da diplomacia norte-americana explicou ainda que o fundo será utilizado principalmente para dotar a Ucrânia de mais armas a curto prazo, através da aquisição de equipamento militar aos Estados Unidos e a outros países.
Blinken pareceu também dar luz verde tacitamente a ataques ucranianos com armas ocidentais em território russo. “Não encorajámos nem permitimos ataques fora da Ucrânia, mas, em última análise, a Ucrânia tem de tomar decisões por si própria sobre como vai conduzir esta guerra”, referiu. No início do mês, o líder da diplomacia britânica, David Cameron, também já havia dito que Kiev podia usar armas fornecidas por Londres em território russo, caso assim o entenda.
Fonte: dn.pt