Os EUA anunciaram nessa sexta-feira que estão “mobilizando ativos adicionais” para o Oriente Médio para “reforçar os esforços de dissuasão e aumentar a proteção das forças norte-americanas”.
O anúncio, feito por um responsável de Defesa em Washington, surge numa altura em que a Casa Branca considera “real e crível” a ameaça do Irã de atacar Israel em represália ao ataque ao consulado iraniano em Damasco, no início do mês.
Segundo o The Times of Israel, o porta-aviões USS Dwight Eisenhower teria navegado para norte no Mar Vermelho, aproximando-se de Israel, tendo capacidade para interceptar eventuais mísseis ou drones iranianos.
O porta-aviões foi enviado para o Mediterrâneo após o ataque terrorista do Hamas, em 7 de outubro, tendo em novembro cruzado o canal do Suez, para o Mar Vermelho. Esteve ativo na resposta aos ataques dos rebeldes Houthis, do Iêmen, contra os navios comerciais.
Não é claro se a “mobilização de ativos adicionais” anunciada a partir de Washington se refere ao eventual reposicionamento do USS Dwight Eisenhower. Mas a região está em alerta para a retaliação iraniana ao ataque contra a sua embaixada em Damasco, que matou dois generais. Na quinta-feira à noite, o Wall Street Journal dizia que o ataque poderia acontecer em 24 ou 48 horas. Contudo, o mesmo jornal citava outra fonte que dizia que a liderança iraniana ainda não tinha tomado uma “decisão final”.
Israel diz-se preparado. “Estamos em guerra há seis meses e lidamos com todas as ameaças existentes. A nossa defesa está pronta e sabe como responder a cada ameaça individual. Estamos também preparados para atacar, com uma variedade de capacidades, para proteger os cidadãos de Israel”, disse nessa sexta-feira o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), Daniel Hagari. “O Irã está escalando, pressionando por uma escalada regional. Saberemos como lidar com a ameaça iraniana. Estamos bem preparados e saberemos responder a qualquer coisa.”
O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, afirmou que Israel está “lado a lado” com os EUA depois de ter se reunido com o chefe do Comando Central dos EUA, o general Michael Kurilla.
Alertas aos viajantes
A embaixada dos EUA em Israel emitiu um alerta de segurança aos seus cidadãos. Por uma “abundância de precaução”, proíbe os funcionários da Administração norte-americana e os familiares de fazerem “viagens pessoais para fora das zonas metropolitanas de Telaviv, Jerusalém e Be’er Sheva até aviso em contrário”.
Outros países, como Canadá, Reino Unido e Austrália, também desaconselham viagens à região, enquanto a França ordena o regresso dos seus diplomatas do Irã.
Em Portugal, também o site dos Conselhos aos Viajantes foi atualizado nessa sexta-feira, com fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros dizendo ao DN que a “reavaliação é constante”. No caso de Israel e dos Territórios Palestinos Ocupados, “considerando o estado de guerra desde 7 de outubro e as ameaças recentes a Israel, e tendo em conta os riscos de evolução do conflito, deve-se continuar a evitar todas as viagens não essenciais a Israel”. Pede-se ainda aos cidadãos portugueses que sigam as indicações das autoridades locais e alerta-se para os “riscos de atentados terroristas”.
No caso do Irã, lê-se que “considerando o contexto interno em que o país se encontra e a crescente tensão regional com risco de rápida escalada do perigo securitário, desaconselham-se em absoluto todas e quaisquer viagens”. Também a página do Líbano foi atualizada, sendo que, neste caso, “todas as viagens (…) devem ser evitadas”, especialmente “quaisquer deslocações a sul do rio Litani”.
Bombardeamentos
A ameaça iraniana não afeta a guerra na Faixa de Gaza, onde continuam os bombardeamentos israelitas – o Hamas anunciou ataques a prédios residenciais no campo de refugiados de Nuseirat. EUA, Qatar e Egito ainda esperam uma resposta a um plano de trégua e libertação de reféns.
Israel continua, entretanto, as trocas de tiros quase diárias com o Hezbollah, na fronteira com o Líbano. Nessa sexta-feira, cerca de 40 rockets teriam sido lançados por parte da milícia xiita libanesa, tendo sido interceptados em sua maioria. Os que não foram não causaram feridos.
Autor: susana.f.salvador@dn.pt