Com falta de militares, Kiev aprova nova lei de recrutamento

General disse que a Rússia tem dez vezes mais soldados do que a Ucrânia no leste do país. Moscou ataca infraestruturas elétricas.

A falta de armas não é o único problema da Ucrânia, que tem também falta de combatentes mais de dois anos depois do início da guerra com a Rússia. Para tentar colmatar este problema, o Parlamento ucraniano aprovou esta quinta-feira as novas leis de recrutamento das Forças Armadas. Isto numa altura em que a Rússia continua a bombardear as infraestruturas elétricas do país, tendo destruído uma central elétrica na região de Kiev.

A nova lei estabelece novos procedimentos para o recrutamento, obrigando os homens a atualizar os seus dados junto das autoridades no prazo de 60 dias, e aumenta as punições para aqueles que tentam evitar ser chamados. Entre outras medidas, a lei prevê que também o aumento dos salários pagos aos voluntários e abre a porta a que alguns reclusos possam servir.

Na semana passada, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já tinha promulgado outra lei que permitia o alistamento de homens a partir dos 25 anos (e não dos 27 como até agora). A nova lei deixa contudo de fora a cláusula que permitiria que os soldados que já combatem há mais de 36 meses voltassem para casa – uma medida mal recebida pelos militares.

Antes da votação final, o general Yuriy Sodol disse aos deputados que a Rússia tem dez vezes mais soldados do que a Ucrânia no leste do país. “Aprovem esta lei e as Forças Armadas ucranianas não vão desiludir o povo ucraniano”, indicou o comandante das forças conjuntas. “Estamos a manter as nossas defesas com as nossas últimas forças”, acrescentou, sendo aplaudido de pé pelos deputados. A nova legislação foi aprovada com o voto a favor de 283 deputados, tendo 49 votado contra.

Para fazer face ao outro problema – a falta de armas – Kiev continua a pedir apoio internacional. O porta-voz da Força Aérea, Illia Yevlash, pediu ontem “25 sistemas de defesa aérea Patriot” para proteger as cidades ucranianas “de ataques inimigos”. A Rússia prossegue os bombardeamentos a infraestruturas do setor energético, tendo “destruído completamente” uma grande central próximo da capital ucraniana. Segundo Zelensky, durante a noite os russos terão disparado mais de 40 mísseis e 40 drones, tendo os ucranianos conseguido derrubar a quase totalidade de drones (39) mas apenas 18 mísseis.

“Não faz sentido”

O Kremlin disse esta quinta-feira que as negociações de paz na Ucrânia que a Suíça organiza a 15 e 16 de junho não fazem qualquer sentido sem a presença da Rússia. O plano é reunir cerca de cem países para este evento. “Já dissemos muitas vezes que o processo de negociações sem a Rússia não faz sentido”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Também a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, considerou que qualquer ação sobre a Ucrânia que “ignora a posição da Rússia” era “afastada da realidade” e “não tem qualquer perspetiva”.

Fonte: dn.pt

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