Rússia diz que Ucrânia atingiu central de Zaporíjia. Kiev nega, ONU critica ataque imprudente

A Rússia, que ocupa a central Zaporíjia, acusou Kiev de ter atacado com drones um dos seis reatores nucleares do complexo. Ucranianos sugerem que incidente foi provocado por Moscovo. Diretor da Agência Internacional de Energia Atómica alerta que ataques aumentam "risco de acidente nuclear grave".

A empresa estatal russa de energia nuclear, Rosatom, acusou a Ucrânia de ter lançado este domingo uma série de ataques com drones contra a central nuclear de Zaporíjia, controlada pela Rússia.

A Rosatom reportou três feridos, um deles com gravidade. Tanto as autoridades russas como a Agência Internacional de Energia Atómica das Nações Unidas (AIEA) afirmaram que os níveis de radiação estavam normais e que os danos não eram graves. A AIEA deu conta de que um drone explodiu perto do edifício do reator n.º 6 e que uma pessoa morreu.

Os serviços secretos ucranianos negam  qualquer envolvimento no ataque à central nuclear do sul da Ucrânia, a maior da Europa.

“A Ucrânia não está envolvida em qualquer tipo de provocações armadas no território da central nuclear de Zaporíjia, ilegalmente ocupada pela Rússia”, afirmou Andriy Yusov, porta-voz dos serviços de informação da Ucrânia, sugerindo que a Rússia pode ter simulado o ataque.

“Os ataques russos, incluindo os de imitação, no território da central nuclear ucraniana são, desde há muito, uma prática criminosa bem conhecida dos invasores”, acrescentou Yusov.

“Risco de acidente nuclear grave”

O diretor da (AIEA) alertou que incidentes como o de domingo podem levar a uma catástrofe nuclear.

“Estes ataques imprudentes aumentam significativamente o risco de um acidente nuclear grave e devem parar imediatamente”, declarou Rafael Mariano Grossi.

O diretor da AIEA acrescentou que se tratou do primeiro ataque deste tipo desde novembro de 2022.

A central nuclear tem seis reatores de conceção soviética, que contêm urânio-235. Existe também combustível nuclear usado na instalação.

Os reatores número um, dois, cinco e seis estão em paragem a frio, enquanto o reator número três está encerrado para reparação e o número quatro está na chamada “paragem a quente”, de acordo com a administração da central. O espaço continua a necessitar de energia e de pessoal qualificado para operar os sistemas de refrigeração cruciais e outros dispositivos de segurança.

A Ucrânia e a Rússia têm partilhado acusações de ataques à central, que se encontra próxima das linhas da frente.

Zelenskyy insiste em mais sistemas de defesa áerea

Este domingo o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy chamou mais uma vez a atenção para a necessidade urgente de proteger as cidades e as infraestruturas ucranianas dos ataques aéreos russos, que ultimamente têm estado especialmente ativos em Kharkiv e nas suas proximidades.

Zelensky reiterou o seu pedido de mais sistemas de defesa aérea para a Ucrânia, congratulando-se com alguns progressos feitos nesta área na última reunião da OTAN.

O chefe de estado ucraniano dirigiu-se também aos embaixadores da plataforma UNITED24 para chamar a atenção do Congresso dos Estados Unidos:

“Se o Congresso não ajudar a Ucrânia, a Ucrânia perderá a guerra. Se a Ucrânia perder a guerra, outros Estados serão atacados”, afirmou o líder ucraniano.

No entanto, a  posição dos EUA dependerá muito do resultado das eleições presidenciais.

Este domingo, o jornal norte-americano The Washington Post, citando elementos “familiarizados com o plano de Trump”, relata que o ex-presidente dos Estados Unidos poderá exercer pressão sobre Kiev para que ceda território à Rússia e, assim, “acabar com a guerra”.

Trump já disse várias vezes que poderia “acabar com a guerra em 24 horas”.

Fonte: Euronews.pt

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