Tribunal russo condena poeta antiguerra a sete anos de prisão

No poema em questão, Alexander Byvchev desejava o surgimento na Rússia de um novo Claus von Stauffenberg, o homem que tentou assassinar o antigo líder nazi Adolf Hitler.

Um tribunal russo condenou um poeta a sete anos de prisão por ter escrito um texto que foi interpretado como um apelo à morte do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi divulgado esta quinta-feira.

No poema em questão, o autor, Alexander Byvchev, desejava o surgimento na Rússia de um novo Claus von Stauffenberg, o homem que tentou assassinar o antigo líder nazi Adolf Hitler.

A organização não-governamental (ONG) especializada OVD-Info informou hoje que um tribunal militar de Moscovo considerou Alexander Byvchev culpado, em 19 de março, de “apelos ao terrorismo” e “divulgação de informações falsas” sobre o Exército russo.

O acusado também mencionou esta sentença numa carta enviada à opositora russa no exílio Anatasya Shevchenko.

Segundo a OVD-Info, Byvchev foi acusado por um pequeno poema antiguerra publicado na rede social Facebook, que começava com o verso “Na Ucrânia os mísseis estão a cair” e que terminava a dirigir-se aos soldados do seu país, esperando o aparecimento de um “Staffenberg russo”.

O coronel Claus von Stauffenberg liderou um atentado à bomba fracassado contra Adolf Hitler em 20 de julho de 1944 e foi fuzilado assim que a tentativa de golpe falhou.

Segundo a acusação, ao mencionar o caso de Von Stauffenberg, o poeta Alexander Byvchev incitou ao assassínio do Presidente russo.

Durante o julgamento, Byvchev foi também acusado de ter distribuído uma fotografia que mostrava a destruição de uma cidade ucraniana onde a sua tia vivia e que foi devastada na altura da tentativa do exército russo de tomar Kiev, na primavera de 2022.

Alexander Byvchev, 51 anos, morava numa pequena localidade na região russa de Orel (oeste) e era professor de alemão de formação. Tem estado em prisão preventiva desde fevereiro de 2023 no âmbito deste caso, segundo a OVD-Info.

Desde o início da crise na Ucrânia, com os levantamentos pró-russos em 2014 no Donbass (leste), o autor já tinha sido processado por poemas que criticavam o Kremlin (presidência russa). Por causa disso, perdeu o emprego como professor, mas nunca foi condenado à prisão.

A notícia desta condenação surge um dia depois de um tribunal russo sentenciar um documentarista a três anos de prisão por publicar mensagens nas redes sociais a denunciar massacres atribuídos ao Exército de Moscovo na Ucrânia.

Em comunicado, o Tribunal Distrital de Vyborsky, em São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia, revelou que Vsevolod Koroliov foi considerado culpado de “difundir informações falsas” sobre o Exército russo.

Segundo a ONG Memorial, o documentarista e poeta de 36 anos foi preso em julho de 2022.

Antes disso, tinha produzido filmes sobre a repressão contra a artista Alexandra Skotchilenko e a jornalista Maria Ponomarenko, que cumprem longas penas de prisão na Rússia por terem denunciado a ofensiva lançada em fevereiro de 2022 pelo líder do Kremlin, Vladimir Putin, contra a Ucrânia.

De acordo com a acusação, Koroliov publicou na rede social russa Vkontakte, entre meados de março e meados de abril de 2022, mensagens falsas sobre “assassínios em massa de civis” nas cidades ucranianas de Bucha, Borodyanka e Donetsk.

A Ucrânia acusa as forças russas de terem matado centenas de civis em Bucha e Borodyanka, nos arredores de Kiev, quando ocuparam estas localidades na primavera de 2022 e que depois abandonaram para se concentrarem nas frentes no leste e sul do país.

Embora muitos meios de comunicação social independentes e ONG tenham corroborado e documentado estas acusações, Moscovo nega-as, considerando-as uma encenação e reprimindo qualquer crítica à sua ofensiva na Ucrânia com multas e penas de prisão.

Na terça-feira, um tribunal de Volgogrado (sudoeste) condenou outro homem acusado de “difundir informações falsas” a cinco anos de prisão, depois de publicar mensagens na Internet denunciando massacres de civis na Ucrânia.

Fonte: dn.pt

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