Putin garante que “os ataques inimigos” durante votação “não ficarão impunes”

O presidente russo lançou a ameaça depois de se registrarem várias situações de sabotagem em benefício da Ucrânia.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou nessa sexta-feira responder aos recentes ataques em território russo por combatentes que se autodenominam pró-ucranianos, apontando uma tentativa de perturbar as eleições presidenciais, que começaram hoje e se prolongam até domingo.

“Estes ataques inimigos não ficam e não ficarão impunes”, disse o presidente russo durante uma transmissão televisiva do conselho de segurança afeto ao Kremlin, acrescentando: “Tenho certeza de que o nosso povo, o povo russo, reagirá ainda com mais unidade”.

As autoridades russas anunciaram nessa sexta-feira a detenção de três pessoas acusadas, em casos distintos, de terem preparado atos de sabotagem em benefício da Ucrânia.

Estes anúncios ocorrem no primeiro dia das eleições presidenciais, que deverão confirmar a vitória de Vladimir Putin, na ausência de oposição nos boletins de voto, enquanto a Ucrânia aumenta os ataques ao território russo.

Detido em Moscou, o primeiro suspeito, processado por “alta traição” – crime punível com prisão perpétua – “montou e lançou ‘drones’ para criar alvos falsos nas imediações das instalações do Ministério da Defesa” e desorientar a proteção antiaérea, disse o serviço de segurança e de informações russo (FSB) em comunicado.

Essa detenção ocorre em pleno aumento de ataques de “drones”, atribuídos à Ucrânia, contra infraestruturas na Rússia.

Segundo os investigadores, o suspeito “estabeleceu por sua própria iniciativa” contato com “paramilitares” ucranianos e depois “foi encarregado de atingir os sistemas de defesa aérea russos”.

De acordo com um vídeo do FSB, transmitido pela imprensa russa, o homem confessou, alegando que trabalhava para a “Legião Liberdade da Rússia”, uma unidade que afirma ser composta por combatentes russos anti-Kremlin responsáveis, em particular, nos últimos dias, por incursões armadas nas regiões fronteiriças.

Num segundo caso, o FSB indicou ter detido um russo que preparava “ataques terroristas” para “desestabilizar a situação sociopolítica” no contexto das eleições presidenciais.

Esse homem, nascido em 2002, também teria atuado sob as ordens da “Legião da Liberdade Russa”, segundo um comunicado de imprensa citado pela agência Interfax.

Equipado com artefatos explosivos, é suspeito de ter como alvo “edifícios de empresas do setor energético e de infraestruturas sociais”, de acordo com o FSB.

Ao mesmo tempo, uma terceira pessoa, acusada de ter preparado uma sabotagem das instalações de transportes ferroviários, foi detida na região de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, informou a seção local do FSB num comunicado separado.

Essa mulher, alegadamente, “adquiriu ilegalmente um dispositivo explosivo” e planejava “explodir vias férreas”, afirmaram os serviços de segurança russos, citados pela agência noticiosa Tass.

A região de Belgorod é regularmente alvo de ataques aéreos ucranianos. Desde o início da semana, a Rússia afirmou ter repelido várias tentativas de incursão de grupos armado.

Hoje, uma bomba explodiu sem causar vítimas em frente de uma assembleia de voto na província de Kherson, região ocupada pela Rússia no sul da Ucrânia.

“Em Skadovsk, um dispositivo explosivo improvisado foi colocado num caixote do lixo em frente do local de votação. Houve uma detonação, não houve vítimas”, disse no Telegram a comissão eleitoral regional ligada à ocupação russa.

Segundo essa estrutura, as forças ucranianas também bombardearam duas comissões eleitorais locais sem causar vítimas.

A Rússia realiza entre hoje e domingo eleições presidenciais, nas quais é esperada a recondução de Vladimir Putin para um quinto mandato presidencial até 2030, face à ausência de oposição independente, controle de informação e espectro da manipulação.

Segundo a Comissão Eleitoral Central, 112,3 milhões de eleitores são chamados a votar nos próximos três dias na Rússia e também nas regiões ocupadas na Ucrânia e na península ucraniana da Crimeia anexada, a que se somam 1,9 milhões no estrangeiro.

As autoridades ucranianas e os seus parceiros ocidentais de Kiev denunciam a realização do ato eleitoral nas regiões ucranianas de Kherson, Zaporijia, Lugansk e Donetsk, parcialmente ocupadas no decurso da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, bem como na Crimeia, anexada por Moscou em 2014, avisando que é ilegal e não será reconhecido.

Desde o início da ofensiva russa contra o país vizinho, em fevereiro de 2022, as autoridades de Moscou têm afirmado, regularmente, que prendem cidadãos russos que trabalham para as forças ucranianas.

Fonte: dn.pt

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