O filho mais velho do líder da Resistência Francesa na Segunda Guerra Mundial e primeiro presidente de França do pós-guerra, Charles de Gaulle, morreu aos 102 anos, informou a família esta quarta-feira.
Philippe de Gaulle, que foi uma figura militar importante por direito próprio, respondeu ao apelo do pai para se juntar às forças da França Livre na luta contra o nazismo na Segunda Guerra Mundial.
Mais tarde, teve uma carreira naval de sucesso, chegando ao posto de almirante, e também se tornou senador.
Apesar da semelhança física, era uma figura mais discreta do que o pai, mas dedicou-se a preservar a memória de Charles de Gaulle, nomeadamente através de numerosos livros, incluindo a obra de sucesso “De Gaulle, o meu pai”.
O filho Yves de Gaulle disse à AFP que o pai morreu na noite de terça para quarta-feira na instituição militar francesa onde viveu durante dois anos, no centro de Paris.
“Philippe de Gaulle antecipou o apelo do seu pai para se juntar à Resistência”, escreveu o Presidente Emmanuel Macron numa homenagem na rede social X.
“Marinheiro, almirante, senador, nunca falhou quando a coragem e a honra eram necessárias. Um século de bravura francesa”.
Eric Ciotti, líder dos Republicanos, partido de direita, que se considera o herdeiro do manto político de De Gaulle, descreveu Philippe de Gaulle como um “pilar” de França.
“A sua vida dedicada ao serviço de França, na marinha e no Senado, foi um exemplo vivo para a República”, escreveu no X.
“França esteve no seu coração até ao fim”, acrescentou o Ministro da Defesa Sebastien Lecornu.
Philippe de Gaulle ingressou nas Forças Navais Francesas Livres em 1940 e combateu no Atlântico Norte até 1944, tendo depois estado em França quando a Resistência se juntou aos Aliados para expulsar os nazis de França, participando nos desembarques da Normandia no Dia D.
Após a guerra, participou nos conflitos pós-coloniais na Indochina (atuais Camboja, Laos e partes do Vietname e da China), em Marrocos e na Argélia.
Charles de Gaulle desconfiava do menor indício de nepotismo e nunca ajudou o filho a conquistar um cargo, nem o condecorou com a Ordem da Libertação após a guerra.
A educação dos três filhos de Charles de Gaulle foi austera, com a mãe Yvonne a dizer que só beijava Philippe e as suas duas irmãs no dia do seu aniversário e no dia 31 de dezembro.
A mais velha das irmãs, Elisabeth, morreu em 2013, enquanto a mais nova, Anne, que sofria de Síndrome de Down, morreu em 1948, com apenas 20 anos.
“Eu sei tudo, meu rapaz. A tua posição nunca foi fácil. Não é nada fácil ser filho do General de Gaulle”, disse-lhe o pai numa ocasião. “Mas a tua atitude foi sempre a que eu esperava de ti”, disse Charles de Gaulle.
Fonte: dn.pt