O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu esta terça-feira “coragem” aos aliados europeus da Ucrânia, defendendo que “vai ser necessário não sermos cobardes” mas não voltando a falar diretamente do envio de tropas para a Ucrânia. Já a Alemanha pediu “união”, após a polémica revelação de uma reunião entre líderes militares alemães sobre a entrega de mísseis aos ucranianos que deixou mal visto o chanceler Olaf Scholz.
“A unidade sobre a Ucrânia é essencial, não se trata de quem oferece mais ou de quem tem mais coragem. O importante é aumentar com rapidez e eficácia a capacidade de produzir artilharia e sistemas de defesa. Devemos concentrar-nos nisso, é do que a Ucrânia precisa”, sustentou o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, numa visita a Estocolmo, defendendo que as declarações de Macron não ajudam os ucranianos.
As declarações surgiram horas depois de Macron, no final de um encontro em Praga com o presidente checo, Petr Pavel, ter pedido precisamente coragem. “Estamos a entrar num momento da nossa Europa em que será necessário não sermos cobardes”, afirmou o líder francês, fazendo referência a “potências imparáveis” que “estão a expandir a ameaça a cada dia, atacando-nos mais”. E insistiu: “Temos que estar à altura da história e da coragem que isso implica.”
Durante uma conferência internacional no Palácio do Eliseu, na semana passada, Macron causou desconforto entre os aliados de Kiev ao assumir uma “ambiguidade estratégica” para que o presidente russo, Vladimir Putin, soubesse que tudo seria feito para impedir que “ganhasse esta guerra”. E defendeu que não se podia “descartar” o envio de militares ocidentais para a Ucrânia, algo prontamente rejeitado por EUA, Alemanha, Itália ou a República Checa.
Esta terça-feira, Petr Pavel, general reformado e antigo presidente do Comité Militar da Aliança Atlântica, admitiu estudar o envio uma força de assistência militar à Ucrânia que não participe em missões de combate. “Há um receio de falar de forças de combate, mas estamos a falar de formas de assistência”, disse após o encontro com Macron, referindo-se ao treino de soldados em território ucraniano, ressalvando que é uma decisão que “cabe à Ucrânia, que é um país soberano”.
Entretanto, os alemães continuam a lidar com o escândalo da revelação, por parte dos russos, do áudio de encontro entre líderes militares que discutiam o apoio à Ucrânia. Berlim fala de um “erro individual” que foi ”grave”, mas que os seus sistemas de comunicação não foram comprometidos e que não haverá demissões.
O responsável estaria num encontro de aeronáutica em Singapura e juntou-se à reunião através de uma ligação não segura, num local onde os russos estariam a ouvir – devido à presença de vários responsáveis ocidentais no mesmo local. O ministro da Defesa disse que ligou aos aliados e que estes mantêm a confiança em Berlim.
Mais um navio afundado
Apesar do revés no terreno devido à falta de armamento, há um local onde a Ucrânia continua a marcar pontos na guerra contra a Rússia: o Mar Negro. Kiev assumiu esta terça-feira a responsabilidade pela destruição de um navio-patrulha russo, o Sergei Kotov, num ataque com drones marítimos. Pelo menos seis marinheiros morreram, segundo os ucranianos, com Moscovo a manter esta terça-feira o silêncio sobre o ocorrido. Desde a invasão, a 24 de fevereiro de 2022, este terá sido o 13.º navio russo afundado.
Fonte: dn.pt com agências