O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que disse esta semana esperar um cessar-fogo em Gaza até segunda-feira, recuou nessa quinta-feira na sua afirmação, admitindo que esta interrupção das hostilidades “provavelmente não acontecerá” até essa data.
Os EUA estão também analisando “versões contraditórias” do que aconteceu nessa quinta-feira, quando mais de 100 pessoas morreram e pelo menos 760 pessoas ficaram feridas, segundo as autoridades locais, durante distribuição de ajuda humanitária em Gaza.
“Estamos verificando isso neste momento. Há duas versões contraditórias do que aconteceu. Ainda não tenho uma resposta”, afirmou Biden, à imprensa, ao sair da Casa Branca para uma viagem à fronteira com o México.
Questionado sobre se achava que este acontecimento teria impacto nas negociações para o cessar-fogo, Joe Biden respondeu: “Sei que terá”.
Mais de uma centena de palestinos foram mortos na cidade de Gaza durante distribuição de ajuda humanitária, que se transformou num caos, segundo o movimento islamita Hamas, que acusou os soldados israelitas de terem aberto fogo contra uma multidão esfomeada.
Fontes israelitas confirmaram que os soldados, ao se sentirem “ameaçados”, dispararam munições reais, mas negaram que isso tenha sido responsável pelo número de mortos, indicando que muitas pessoas ficaram feridas por causa de “empurrões e atropelamentos”, quando a multidão tentava pilhar os caminhões que transportavam a ajuda humanitária.
Na terça-feira, o presidente norte-americano tinha manifestado esperança de que fosse alcançado um cessar-fogo em Gaza “até a próxima segunda-feira”, enquanto prosseguem as negociações para um acordo que inclua a libertação dos reféns detidos pelo Hamas.
Os países mediadores – Qatar, Egito e Estados Unidos – estão tentando negociar um compromisso com Israel e o Hamas, tendo em vista uma trégua.
Segundo uma fonte do movimento islamita palestino, as discussões centram-se na primeira fase de um plano elaborado em janeiro pelos mediadores, que prevê uma trégua de seis semanas, associada à libertação dos reféns detidos pelo Hamas e dos prisioneiros palestinos detidos por Israel, bem como a entrada em Gaza de uma grande quantidade de ajuda humanitária.
Mas Israel exige a libertação de todos os reféns durante este intervalo e alertou que uma trégua não significaria o fim da guerra.
O Hamas, por seu lado, exige um cessar-fogo total, a retirada das tropas israelitas da Faixa de Gaza e o levantamento do bloqueio imposto por Israel desde 2007.
A guerra eclodiu em 7 de outubro, quando comandos do Hamas infiltrados a partir de Gaza lançaram um ataque sem precedentes contra o sul de Israel, que resultou na morte de pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP, produzida a partir de dados oficiais israelitas.
Durante o ataque, cerca de 250 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza. Segundo Israel, 130 reféns ainda estão detidos no enclave, 31 dos quais se acredita terem morrido.
Em retaliação, Israel prometeu aniquilar o Hamas, que considera, juntamente com os Estados Unidos e a União Europeia, uma organização terrorista.
Desde o início da guerra, Israel e o Hamas só chegaram a um acordo para uma trégua de uma semana, no final de novembro, que permitiu a libertação de 105 reféns em troca de 240 prisioneiros palestinos.
A ofensiva israelita causou até agora mais de 30.000 mortos em Gaza, a grande maioria deles civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que contabilizou nessa quinta-feira 90 mortos em 24 horas.
Fonte: dn.pt