Funeral de Navalny será em Moscou, mas sem direito a uma “despedida pública”

Viúva do opositor russo pediu em Bruxelas um combate eficaz contra organizações criminosas europeias que “estão a ajudar a Rússia de Vladimir Putin”.

O funeral de Alexei Navalny vai realizar-se sexta-feira em Moscovo, anunciou esta quarta-feira a equipa do dissidente russo, que morreu numa prisão no Ártico no passado dia 16. “A cerimónia fúnebre de Alexei terá lugar na igreja (…) de Marino, no dia 1 de março, às 14:00”, informou a equipe do dissidente nas redes sociais. “O funeral terá lugar no cemitério de Borisovsski”, no sudeste da capital, acrescentaram.

A morte de Navalny, aos 47 anos, foi anunciada pelos serviços prisionais russos em 16 de fevereiro, quando cumpria uma pena de 19 anos de prisão numa colónia penal no Ártico.

As circunstâncias da sua morte ainda não são claras: de acordo com os serviços prisionais russos, Navalny morreu de doença súbita “após um passeio”, mas os seus apoiantes e muitos líderes ocidentais responsabilizaram Vladimir Putin pela morte do opositor.
Segundo Ivan Jdanov, um dos colaboradores mais próximos do  até agora líder da oposição russa, o funeral decorrerá a cerca de 20 quilómetros das muralhas vermelhas do Kremlin. Desde a entrega do corpo à mãe, no sábado, os colaboradores de Navalny procuravam um local para uma “despedida pública”, mas todos os pedidos foram recusados, refere a equipa do dissidente.

As autoridades receavam que o funeral pudesse atrair um grande número de apoiantes de Navalny e constituir um embaraço para Putin, que hoje fará o seu discurso anual sobre o estado da nação e que se prepara para ser eleito novamente nas presidenciais de 15, 16 e 17 de março. “Em todo o lado, recusaram dar-nos qualquer coisa. Nalguns locais, disseram-nos que era proibido”, disse Jdanov nas redes sociais, acusando o Kremlin e o presidente da Câmara de Moscou, Serguei Sobyanin, amigo íntimo de Putin.

Esta quarta-feira, discursando no Parlamento Europeu, Yulia Navalnaya, a viúva do opositor russo, voltou a apontar o dedo a  Vladimir Putin,  acusando-o de controlar uma “organização criminosa” e exigiu da União Europeia mais do que “declarações de preocupação”. “Não estão a lidar com um político, mas com um monstro violento”, salientou, criticando a UE e todos os que acham que podem apelar ao bom senso de Putin.

Yulia Navalnaya disse que o presidente russo é “o líder de uma organização criminosa” e relatou que a organização “inclui envenenadores e assassinos, que são apenas fantoches” dos oligarcas que apoiam Putin. Exigiu ainda de Bruxelas mais do que “declarações de preocupação”, pedindo um combate eficaz contra organizações criminosas na UE que “estão a ajudar a Rússia de Putin, a guardar o seu dinheiro e a ajudar a utilizá-lo” para continuar a repressão do regime. “Putin tem de responder por tudo o que fez ao meu país, a um país vizinho pacífico e tem de responder por tudo o que fez ao Alexei. O meu marido nunca vai ver a Rússia libertada, mas nós vamos”, concluiu Yulia Navalnaya.

Fonte: dn.pt

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