O funeral de Alexei Navalny vai realizar-se sexta-feira em Moscovo, anunciou esta quarta-feira a equipa do dissidente russo, que morreu numa prisão no Ártico no passado dia 16. “A cerimónia fúnebre de Alexei terá lugar na igreja (…) de Marino, no dia 1 de março, às 14:00”, informou a equipe do dissidente nas redes sociais. “O funeral terá lugar no cemitério de Borisovsski”, no sudeste da capital, acrescentaram.
As circunstâncias da sua morte ainda não são claras: de acordo com os serviços prisionais russos, Navalny morreu de doença súbita “após um passeio”, mas os seus apoiantes e muitos líderes ocidentais responsabilizaram Vladimir Putin pela morte do opositor.
Segundo Ivan Jdanov, um dos colaboradores mais próximos do até agora líder da oposição russa, o funeral decorrerá a cerca de 20 quilómetros das muralhas vermelhas do Kremlin. Desde a entrega do corpo à mãe, no sábado, os colaboradores de Navalny procuravam um local para uma “despedida pública”, mas todos os pedidos foram recusados, refere a equipa do dissidente.
As autoridades receavam que o funeral pudesse atrair um grande número de apoiantes de Navalny e constituir um embaraço para Putin, que hoje fará o seu discurso anual sobre o estado da nação e que se prepara para ser eleito novamente nas presidenciais de 15, 16 e 17 de março. “Em todo o lado, recusaram dar-nos qualquer coisa. Nalguns locais, disseram-nos que era proibido”, disse Jdanov nas redes sociais, acusando o Kremlin e o presidente da Câmara de Moscou, Serguei Sobyanin, amigo íntimo de Putin.
Esta quarta-feira, discursando no Parlamento Europeu, Yulia Navalnaya, a viúva do opositor russo, voltou a apontar o dedo a Vladimir Putin, acusando-o de controlar uma “organização criminosa” e exigiu da União Europeia mais do que “declarações de preocupação”. “Não estão a lidar com um político, mas com um monstro violento”, salientou, criticando a UE e todos os que acham que podem apelar ao bom senso de Putin.
Yulia Navalnaya disse que o presidente russo é “o líder de uma organização criminosa” e relatou que a organização “inclui envenenadores e assassinos, que são apenas fantoches” dos oligarcas que apoiam Putin. Exigiu ainda de Bruxelas mais do que “declarações de preocupação”, pedindo um combate eficaz contra organizações criminosas na UE que “estão a ajudar a Rússia de Putin, a guardar o seu dinheiro e a ajudar a utilizá-lo” para continuar a repressão do regime. “Putin tem de responder por tudo o que fez ao meu país, a um país vizinho pacífico e tem de responder por tudo o que fez ao Alexei. O meu marido nunca vai ver a Rússia libertada, mas nós vamos”, concluiu Yulia Navalnaya.
Fonte: dn.pt