Apenas um em cada dez europeus acredita que a Ucrânia pode derrotar a Rússia, de acordo com uma sondagem feita na União Europeia.
Realizada em 12 países da UE – incluindo Portugal, França, Alemanha, Hungria, Itália, Países Baixos, Polónia, Espanha e Suécia – a sondagem concluiu que o pessimismo sobre o resultado da guerra estava a ser alimentado pela contraofensiva falhada da Ucrânia, por uma potencial mudança de política dos EUA e pela possibilidade de Donald Trump chegar à Casa Branca.
O relatório – intitulado “Guerras e eleições: como os líderes europeus podem manter o apoio público à Ucrânia” – concluiu que 20% dos inquiridos previam uma vitória russa.
As conclusões surgem na véspera do segundo aniversário da invasão total da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022.
Embora o apoio a Kiev continue a ser elevado entre os europeus, os inquiridos consideram que uma solução de compromisso é a solução mais provável para a guerra.
No ano passado, a maioria dos europeus defendia que a Ucrânia devia recuperar todo o território perdido.
Os autores do relatório defendem que, com base nestas conclusões, os políticos da UE devem adotar uma abordagem mais “realista”, centrada na determinação da forma como a paz pode ser alcançada.
“Para defender a continuação do apoio europeu à Ucrânia, os líderes da UE terão de mudar a forma como falam sobre a guerra”, afirmou o coautor Mark Leonard, do Conselho Europeu de Relações Externas (ECFR), que encomendou a sondagem, citado pelo Guardian.
A maioria dos europeus “está desesperada por impedir uma vitória russa”, mas não acredita que Kiev possa vencer militarmente, acrescentou.
Perante um público cada vez mais cético, Leonard explicou que os argumentos a favor de mais ajuda devem centrar-se na forma como esta “pode conduzir a uma paz sustentável e negociada que favoreça Kiev – em vez de uma vitória de Putin”.
De acordo com as sondagens, os ucranianos continuam a opor-se a qualquer acordo que ceda território à Rússia.
Alguns especialistas argumentam que um acordo de paz que entregue o território ucraniano poderia encorajar o Kremlin, levando possivelmente a mais conflitos no futuro. Outros acreditam que o fim do derramamento de sangue deve ser primordial.
A sondagem foi realizada em janeiro. Moscovo conseguiu entretanto uma vitória estratégica e simbólica na região oriental de Donetsk, depois de as forças ucranianas terem sido obrigadas a retirar de Adiivka no passado fim de semana.
A preferência por pressionar Kiev a aceitar um acordo foi mais comum na Hungria (64%), Grécia (59%) e Itália (52%), enquanto o apoio à reconquista de territórios pela Ucrânia foi mais forte na Suécia (50%), Portugal (48%) e Polónia (47%).
As opiniões dividiram-se de forma mais equilibrada em Espanha, nos Países Baixos, na Alemanha e em França.
Fonte: euronews.pt