As buscas ao menino indígena Bruno Karajá, que desapareceu há 15 dias na ilha do Bananal, foram encerradas nessa segunda-feira, 5.
De acordo com os bombeiros militares do Tocantins, o fim dos trabalhos foi solicitado pelos próprios indígenas. O menino de 11 anos de idade morava com a família na Aldeia Macaúba.
As buscas começaram dia 22 de janeiro, assim que a Companhia Independente de Busca e Salvamento foi acionada. Desde então, outros órgãos do Tocantins, bem como o Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso, também se envolveram, enviando homens e equipamentos. Até mesmo os indígenas de várias tribos locais fizeram parte das ações, contribuindo como guias e apoiadores no transporte.
Pajés e anciãos da Aldeia Macaúba, bem como familiares de Bruno, paralisaram as buscas dia 31 de janeiro, porém solicitaram que as equipes permanecessem por mais cinco dias. Na manhã dessa segunda-feira, 5, depois de longas caminhadas pelas matas, os envolvidos retornaram para suas localidades.
O coronel Peterson Queiroz de Ornelas, comandante-geral do CBMTO, reuniu-se com representantes dos órgãos envolvidos nas buscas, relatando a situação geral, avaliando e também agradecendo o apoio de todos. Quanto ao fim das ações, o comandante afirmou que “isso pode ser momentâneo, e a qualquer momento, diante de qualquer indício que houver, voltaremos a encaminhar equipes para o local e assim retomar os trabalhos”.
A secretária de estado dos Povos Originários, Narubia Werreria, ressaltou o empenho dos envolvidos em campo, dedicando-se dia após dia. “Estamos consternados junto com toda a família, mas temos que parabenizar a força-tarefa atuante nestas que foram as maiores, tanto em quantidade de dias quanto em tamanho de área varrida. A comunidade é grata por tudo que foi feito”, afirmou.
O trabalho foi acompanhado de perto também pelo superintendente regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Pedro Paulo Xerente, que esteve no encontro na sede do QCG: “Todos os recursos que estavam em poder das instituições foram usados, até acontecer o entendimento coletivo da suspensão da atividade, lógico que respeitando os limites técnicos para não haver conflitos com a questão cultural”, pontuou.
Região complexa
Participando mais uma vez de uma missão de buscas, o subtenente Rafael Mollo, da Companhia Independente de Busca e Salvamento, relatou que “a região é complexa, tendo em vista ser de floresta amazônica densa”. “Pela estatística, 95% das crianças que se perdem em mata são encontradas em um raio de até dois quilômetros, ou em alguma estrada nos arredores. E nós passamos, inicialmente, por todas as estradas nas proximidades das aldeias”, conta Mollo, que teve apoio de dois cães e outros bombeiros. “Além disso, os indígenas também varriam outras áreas, que ampliavam o perímetro para cerca de cinco quilômetros”, completou.
A força-tarefa, embora não tenha obtido o êxito almejado, contou com as seguintes parcerias diretas: Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins, Corpo de Bombeiros Militares do Mato Grosso, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Ibama), Centro Integrado de Operações Aéreas do Estado do Mato Grosso (Ciopaer-MT), Grupamento Aéreo da Polícia Militar do Tocantins (Graer -TO), Centro Integrado de Operações Aéreas do Tocantins (Ciopaer-TO) e Fundação Nacional do Índio (Funai).
Em números
Durante as buscas, 24 agentes dos dois estados somaram esforços, sendo:
- 9 militares do CBMTO, com mais 2 cães;
- 3 militares do CBMMT, com mais 2 cães;
- 3 agentes do Ibama;
- 4 agentes do Ciopaer-MT;
- 2 policiais militares do Graer-TO;
- 1 policial civil do Ciopaer-TO; e
- 2 agentes da Secretaria de Estado dos Povos Originários do Tocantins (Sepot).
Ao longo dos 14 dias, mais de 220 hectares de área foram sobrevoados por drone e, em média, cada militar percorreu mais de 120 km de distância somente nas áreas de busca. Também foi feito um raio de mais de dois quilômetros e meio de busca com cães e homens, na modalidade varredura de área, além de percorridos, de forma embarcada, mais de 40 km nas margens do Rio Araguaia.
As equipes fizeram buscas em duas áreas de interesse diferentes, sendo a Aldeia Macaúba, com uma área total 1.261 hectares, e a Aldeia Wutaria, com 322 hectares.
Fonte: Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins
Fotos: Luiz Henrique Machado