Jogos Olímpicos de Paris: segurança em causa

Na sequência do atentado no 15º bairro de Paris, que causou um morto e dois feridos, uma questão crucial voltou a ser colocada: a segurança.

Paris vai acolher os Jogos Olímpicos de 2024, um evento de dimensão mundial.

No entanto, subsistem preocupações quanto à capacidade da França para garantir a segurança, especialmente tendo em conta o seu histórico de ataques terroristas.

A prefeitura informou que entre 30.000 e 45.000 policiais e soldados serão destacados para garantir a segurança durante os Jogos Olímpicos.

Os espectadores serão submetidos a controles e revistas, principalmente durante a cerimônia de abertura.

Apesar destas medidas, a prefeitura alerta que a ameaça terrorista continua a ser muito elevada.

O dispositivo de segurança para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, prevista para o Rio Sena, suscita grandes questões. O desfile das delegações estrangeiras entre as pontes Austerlitz e Iéna para a inauguração dos Jogos, perante os chefes de estado reunidos perto do Trocadéro e centenas de milhares de espectadores, representa um desafio colossal em matéria de segurança.

Já no final de outubro, o antigo Ministro dos Desportos, David Douillet, tinha manifestado as suas reservas: “Se os indicadores de risco de atentado atingirem o seu máximo na véspera, teremos de considerar um “plano B” para a cerimônia de abertura”. No entanto, as autoridades excluíram qualquer deslocalização, sublinhando as medidas de segurança que serão implementadas.

Procuramos saber a opinião dos habitantes da capital para compreender a sua perspectiva sobre a situação

As opiniões dividem-se. Enquanto alguns manifestaram confiança nas medidas de segurança, outros sublinharam um sentimento de exclusão nos preparativos e preocupações sobre o impacto dos Jogos na vida cotidiana. No período que antecede o evento, o equilíbrio entre a segurança e o conforto do público continua sendo uma preocupação fundamental.

“Acredito que as autoridades responsáveis pela segurança estão fazendo o trabalho necessário para evitar quaisquer incidentes. E tenho confiança nelas, embora seja uma tarefa muito difícil e complicada, especialmente por causa da Cerimônia de Abertura, que acredito que será no rio pela primeira vez no mundo”, comenta Isabelle.

“É provável que os Jogos Olímpicos sejam um alvo, mas penso que serão tomadas todas as precauções. Os principais riscos serão os pequenos crimes, como os carteiristas”, reage Florent.

Alguns parisienses denunciam a exclusão dos processos de decisão e da organização dos Jogos Olímpicos.

“O meu sentimento não é de insegurança. O meu sentimento é de não me sentir incluída nesses preparativos. Nunca me pediram a opinião sobre o trânsito, o fechamento de vias, os cortes para os peões etc.”, indigna-se uma cidadã de origem russa que vive na capital há mais de dez anos. “Tenho amigos que tencionam deixar Paris, mas não compreendo este tipo de relação. Os Jogos Olímpicos não têm a ver com o fato de nós, cidadãos de Paris, perdermos a nossa cidade”, acrescenta.

“Temos de tentar racionalizar um pouco o que está  acontecendo e deixar a ilusão de que há falta de segurança, que não existe e não é confirmada pelos fatos”, exclama outro residente. “Por outro lado, o que teria sido bom era ter tido uns Jogos Olímpicos populares e não apenas para os ricos. Isso teria sido bom para Paris. Porque aqui, obviamente, estamos falando de Jogos Olímpicos para os ricos.”

Os residentes que entrevistamos parecem concordar num ponto: haverá muito poucos parisienses na capital durante os Jogos Olímpicos.

“Durante os Jogos Olímpicos, haverá mais segurança do que na vida cotidiana . Penso que as coisas serão muito melhores e não creio que haja muitos parisienses em Paris durante os Jogos Olímpicos. Por isso, será uma população diferente, serão turistas que ficarão felizes por lá estar”, explica Virginie.

Fonte: euronews.pt

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