O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, denunciou que as Forças de Defesa de Israel (IDF) invadiram na segunda-feira o hospital al-Khair, a oeste de Khan Younis, e detiveram equipes médicas.
Segundo a imprensa internacional, as tropas israelitas avançaram pela primeira vez para o interior do distrito de Al-Mawasi, perto da costa do Mediterrâneo, naquele que, segundo alguns palestinos, foi o ataque mais sangrento do mês de janeiro – pelo menos 190 pessoas foram mortas e cerca de 340 ficaram feridas em Gaza nas últimas 24 horas, detalhou fonte do Hamas.
O hospital al-Khair fica dentro da zona segura de Al-Mawasi, onde as forças israelitas garantiram que não iriam conduzir operações. O porta-voz das IDF não teceu qualquer comentário sobre a situação no hospital e o governo israelita também não forneceu quaisquer pormenores.
O Crescente Vermelho Palestino revelou que os tanques israelitas cercaram ainda outro hospital nas imediações de Khan Younis, o hospital al-Amal, que é sede de operações da organização. Não foi possível estabelecer contato com os funcionários no local.
O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf al Qidra, acrescentou ainda que pelo menos 50 pessoas foram mortas durante a noite em Khan Younis e que o cerco de unidades hospitalares significa que dezenas de feridos ficaram fora do alcance das equipes de emergência.
Voluntários do Crescente Vermelho também revelaram que os ataques israelitas atingiram quatro escolas a oeste de Khan Younis, dentro da zona segura de al-Mawasi, causando um número indeterminado de vítimas.
Israel alega que os combatentes do Hamas operam dentro dos hospitais e escolas, ainda que as equipes médicas e o grupo militante o desmintam.
De acordo com a última atualização do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas, apenas 15 dos 36 hospitais de Gaza estão operacionais – nove no sul e seis no norte – , mas funcionam apenas de forma parcial.
Três hospitais no sul de Gaza encontram-se mesmo em risco de encerrar, uma vez que foram emitidas ordens de evacuação para as imediações, motivadas pelos combates em curso entre as forças israelitas e os militantes palestinos.
Pode a criação de um Estado palestino colocar fim à guerra?
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia disseram, na segunda-feira passada, que a criação de um Estado palestino é a única solução para alcançar a paz no Oriente Médio.
Segundo Josep Borrell, alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, o número de civis mortos em Gaza é “excessivo” e a situação é “tão terrível quanto se possa imaginar”.
“Mais mortes, mais destruição, mais dificuldades para o povo de Gaza, para o povo palestino. Isto não vai ajudar a derrotar o Hamas ou a sua ideologia. Não vai trazer mais segurança a Israel, antes pelo contrário”, afirmou Josep Borrell.
Também os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE manifestaram sua preocupação relativa à rejeição do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, da ideia da criação de um Estado palestino, na semana passada.
“Não conseguimos que ele mudasse de ideia, mas também não estávamos à espera que tal acontecesse”, afirmou Borrell, após se reunir com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, na última segunda-feira.
O acesso humanitário ao norte da Faixa de Gaza registrou um declínio acentuado desde o início de janeiro, com apenas sete das 29 missões de entrega de ajuda realizadas pelas agências humanitárias a poderem avançar. Na maior parte dos casos, o acesso foi negado pelas autoridades israelitas, segundo o OCHA, citado na Associated Press.
Israel tem lançado vários ataques contra a ofensiva do Hamas de 7 de outubro que, segundo agências internacionais, matou 1.200 pessoas e fez cerca de 240 reféns, dos quais 136 permanecem em Gaza.
Fonte: euronews.pt