Um litro de água engarrafada apresenta em média cerca de 240 milfragmentos de plástico invísiveis a olho nu, de acordo com um estudo divulgado na segunda-feira.
Utilizando uma tecnologia inovadora, uma equipa de cientistas da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, detetou uma quantidade de nanoplásticos até 100 vezes maior do que o estimado até agora.
Os nanoplásticos são nada mais nada menos que minúsculas partículas de plástico que se foram degradando e ficando cada vez menores ao longo do tempo.
São tão pequenos que podem atravessar tecidos de diferentes órgãos e chegar à corrente sanguínea. Uma vez no sangue, podem ser transportados para outras partes do corpo.
Contudo, ainda não são claras as potenciais consequências que os nanoplásticos podem ter para a saúde. Mas os cientistas acreditam que este estudo pode dar pistas para a compreensão desses riscos.
“Quer os vejamos ou não, estão lá. Portanto, é melhor sabermos em que quantidade e o que são. Mas eu própria, como cientista, gostaria de ter mais dados em termos do estudo toxicológico para realmente saber o quão prejudiciais são para o meu próprio corpo”, explica a investigadora Naixin Qian, co-autora deste estudo.
Fontes de nanoplásticos: filtros e garrafas
O facto de os nanoplásticos provirem em grande parte de filtros utilizados para purificar a água e das próprias garrafas PET é uma verdade irónica e perturbadora. Estes materiais, concebidos para garantir segurança e higiene, revelam-se fontes de poluição invisível mas generalizada.
A descoberta de que a maioria dos nanoplásticos detectados ainda não são identificáveis levanta novas questões sobre o ambiente em que vivemos e o que consideramos seguro.
O desafio agora é duplo: compreender o impacto a longo prazo destas partículas na saúde humana e encontrar formas de reduzir a sua presença no ambiente. É uma tarefa que exige um compromisso colectivo dos cientistas, das indústrias, dos decisores políticos e dos consumidores.
Com a produção global de plástico a aproximar-se dos 400 milhões de toneladas por ano, a questão dos nanoplásticos é agora um apelo às armas. O que pode ser feito? Reduzir a nossa dependência do plástico. Melhorar os métodos de filtragem e reciclagem. Desenvolva materiais alternativos.
Todos estes são passos cruciais para um futuro em que a água que bebemos e o ambiente em que vivemos possam ser verdadeiramente limpos e seguros.
Fonte: euronews.pt