Ucrânia acusa partido de Putin de ter exército privado

De acordo com os serviços secretos ucranianos, o grupo de mercenários "Hispaniola" é constituído por ultras do futebol, radicais e simpatizantes neonazis.

Os serviços secretos do Ministério da Defesa ucraniano (GUR) afirmam que o “Rússia Unida”, partido de Vladimir Putin, está formando o seu próprio “exército privado”, o grupo mercenário “Hispaniola”.

Muitos dos seus membros pertencem ao grupo militante russo Vostok Battalion, um regimento que faz parte das forças pró-russas no Donbass e opera principalmente na região ucraniana parcialmente ocupada de Donetsk.

O “Hispaniola” fazia anteriormente parte do batalhão como unidade voluntária de hooligans de futebol russo.

Os serviços secretos ucranianos relatam que, desde o ano passado, o Rússia Unida assumiu o controle do “Hispaniola”, tendo lhe dado o estatuto de empresa militar privada e começado a recrutar ativamente, utilizando os fundos próprios do partido.

Dizem ainda que o grupo de mercenários é constituído por ultras do futebol, radicais e simpatizantes neonazis. A estrutura estaria também  recrutando pessoas nas regiões pobres da Rússia.

Na sua declaração, o GUR confirma que os principais locais de recrutamento se situam nos territórios ucranianos parcialmente ocupados pela Rússia desde o início da invasão em larga escala, ocorrida em 24 de fevereiro de 2022.

Os voluntários receberão 220.000 rublos (2.200 euros) por mês, durante pelo menos seis meses na frente de combate. Aos recrutas são prometidos 1 a 3 milhões de rublos (até 30.000 euros) como seguro em caso de ferimento e 5 milhões de rublos (mais de 50.000 euros) em caso de morte.

“Mas a motivação financeira é apenas um disfarce. Para a maioria dos recrutas, é um bilhete de ida. Os russos não levam os mortos ou os feridos graves do campo de batalha; registram-nos como ‘desaparecidos’ para não terem de pagar aos familiares”, diz o GUR.

O que é o “Hispaniola”?

Uma vista de olhos pelo canal Telegram do “Hispaniola” revela que se trata de um grupo de ultras dos campos de futebol russos que combatem na Ucrânia. O seu líder, Stanislav Orlov, é conhecido como “O Espanhol”.

“Não se sabe bem por que escolheu este nome, pois não se sabe se tem ligações com a Espanha”, disse ao diário espanhol Ara, um investigador da rede Antifascist Europe, especializada na extrema-direita.

Orlov é considerado um “perigoso ultra ligado à equipe de futebol CSKA de Moscou”, que lidera o grupo na região de Donetsk há, pelo menos, oito anos.

O bando pró-russo é constituído pelos adeptos mais violentos retirados dos estádios de futebol russos.

Orlov afirmou em entrevistas que se alistou no exército russo em 1999 e que combateu na Segunda Guerra da Chechênia. De acordo com o seu relato, mudou-se para a Ucrânia em 2014, com um grupo de ultras, para apoiar a revolta do Donbass.

Após o início da invasão em larga escala da Ucrânia, Orlov criou e organizou uma unidade de ultras do Shakhtar Donetsk para lutar ao lado dos rebeldes do Donbass, bem como hooligans do CSKA, Spartak, Lokomotiv e Zenit de São Petersburgo.

Mas o “Hispaniola” é apenas um de muitos grupos. Moscou continua  recorrendo a mercenários irregulares, apesar da breve revolta do Grupo Wagner no ano passado; muitos dos ricos e poderosos da Rússia possuem empresas militares privadas.

Fonte: euronews.pt

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