O exército israelita anunciou neste domingo a morte de 152 dos seus soldados na Faixa de Gaza desde que começou a guerra contra o movimento islamita palestino Hamas, em 7 de outubro.
Nos últimos dois dias, morreram 13 soldados israelitas no enclave palestino, onde se concentram os combates, indicou.
Segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, os bombardeamentos e confrontos já causaram no território mais de 20 mil mortos, incluindo mais de oito mil crianças, e 56 mil feridos.
Israel declarou guerra ao Hamas, em retaliação ao ataque de 7 de outubro, perpetrado pelo movimento em território israelita, que fez 1.139 mortos, na maioria civis, de acordo com o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Conflito dura mais de 70 anos
A tensão entre Israel e Palestina mistura política e religião, estende-se há mais de 70 anos e já deixou milhares de mortos dos dois lados.
Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois estados: um judeu e um árabe. Os judeus ficariam com Israel e os palestinos com Gaza e Cisjordânia.
Os árabes não aceitaram o acordo, alegando que ficariam com as terras com menos recursos.
No entanto, em 1948, foi criado o estado de Israel, o que gerou revolta ao lado palestino, resultando na Guerra árabe-israelense de 1948.
Gaza foi ocupada pelos egípcios. Em 1967, com a Guerra dos Seis Dias, Israel toma o território da Cisjordânia e Jerusalém Oriental (onde estão símbolos religiosos importantes para judeus, árabes e cristãos).
O conflito estendeu-se com diversos episódios de tensão. Em 1987, ocorreu a primeira Intifada, revolta dos palestinos contra tropas israelenses.
Em 1993, com os Acordos de Oslo foi criada a ANP (Autoridade Nacional Palestina) para assumir a administração política dos territórios palestinos, mas Israel só deixou a região da Faixa de Gaza, em 2005.
Em 2012, a ONU reconheceu a Palestina (Faixa de Gaza e Cisjordânia) como um Estado-observador permanente.
Diversas tentativas internacionais para fechar acordos de paz na região fracassaram.
Impasse
O Hamas não reconhece Israel como um estado e reivindica o território israelense para a Palestina.
A Palestina pede a suspensão da colonização de seu território e o fim do bloqueio israelense à Faixa de Gaza.
Por outro lado, Israel exige o seu reconhecimento como um estado judeu.
Hamas
Organização islâmica com ala militar, o Hamas surgiu pela primeira vez em 1987. Era um desdobramento da Irmandade Muçulmana, um grupo islâmico sunita fundado no final da década de 1920 no Egito.
A própria palavra “Hamas” é um acrônimo para “Harakat Al-Muqawama Al-Islamiyya” – que em tradução livre significa “Movimento de Resistência Islâmica”. O grupo, tal como a maioria das facções e partidos políticos palestinos, insiste que Israel é uma potência colonizadora e que seu objetivo é libertar os territórios palestinos das garras de Israel.
Ao contrário de algumas outras facções palestinas, o Hamas recusa-se a dialogar com Israel. Em 1993, opôs-se aos Acordos de Oslo, um pacto de paz entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que desistiu da resistência armada contra Israel em troca de promessas de um estado palestino independente ao lado de Israel. Os Acordos também estabeleceram a Autoridade Palestina (AP) na Cisjordânia ocupada por Israel.
O Hamas apresenta-se como uma alternativa à AP, que reconheceu Israel e se envolveu em múltiplas iniciativas de paz fracassadas. A AP, cuja credibilidade entre os palestinos tem sofrido ao longo dos anos, é liderada pelo Presidente Mahmoud Abbas.
Ao longo dos anos, o Hamas reivindicou muitos ataques a Israel e foi designado como organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por Israel.
O Departamento de Estado dos EUA disse em 2021 que o Hamas recebe financiamento, armas e treino do Irã, bem como alguns fundos que são angariados nos países do Golfo Árabe. O grupo também recebe doações de alguns palestinos, de outros expatriados e de suas próprias organizações de caridade, afirmou.
Em Abril, o Ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, sugeriu que o Irã fornecesse ao Hamas cerca de 100 milhões de dólares anualmente.
Com informações de Nadeen Ebrahim, da CNN
Fonte: dn.pt