EUA pressionam Israel para mudanças na ofensiva em Gaza

Porta-voz das forças de defesa de Israel, Daniel Hagari, junto ao túnel descoberto em Gaza.

A pressão internacional contra Israel deverá subir hoje de tom, com a visita do secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, a Telavive, para encontros com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Yoav Gallant. Washington vai pressionar Israel a acabar, no prazo de semanas, com a sua operação de bombardeamentos de larga escala, apostando na ideia de uma próxima fase da guerra mais focada no Hamas, permitindo proteger melhor os civis na Faixa de Gaza.

Segundo um alto funcionário do Pentágono, citado pelo The New York Times, embora se espere que o secretário da Defesa expresse o apoio à campanha de Israel para destruir a capacidade do Hamas de conduzir operações militares, Lloyd Austin também reforçará a importância de levar em conta a segurança dos civis durante as operações e a necessidade crítica de aumentar a prestação de assistência humanitária.

Israel manteve este domingo os bombardeamentos contra a Faixa de Gaza, apesar dos apelos constantes a um cessar-fogo. A chefe da diplomacia francesa, Catherine Colonna, foi uma das últimas a apelar para uma trégua “imediata e duradoura” numa visita a Telavive. Já o homólogo britânico, David Cameron, e a alemã, Annalenna Baerbock, chamaram também a atenção para o elevado número de civis mortos em Gaza – mais de 18 mil, segundo os cálculos das autoridades controladas pelo Hamas -, mas ficaram aquém de pedir o cessar-fogo num artigo no Sunday Times.

Uma trégua é pedida pelos familiares dos reféns que foram levados no dia do ataque terrorista de 7 de outubro para o enclave palestiniano. Este domingo, teve lugar o funeral de um dos reféns, que foi morto pelas forças israelitas após ser confundido por um terrorista. “Meu pobre irmão, o que passaste naqueles momentos em que já tinhas visto a luz e esta se transformou em escuridão. Aqueles que te abandonaram também te assassinaram, depois de teres feito tudo bem”, disse Ido, irmão de Alon Shamriz, no elogio fúnebre. Outro irmão, Yonatan, denunciou um “governo irresponsável” e um “grupo terrorista bárbaro”.

Segundo fontes de segurança egípcias citadas pela Reuters, Israel e o Hamas estarão abertos a negociar um novo cessar-fogo para permitir a troca de reféns por presos palestinianos nas prisões israelitas. Contudo, ainda há divisão em relação à forma como este se poderá implementar depois de os sete dias iniciais de trégua terem permitido a libertação de uma centena de reféns – a maioria mulheres e crianças. O Egito e o Qatar estão de novo a ajudar às negociações, sendo que o diretor da Mossad (a secreta israelita) deverá voltar a encontrar-se com o primeiro-ministro do Qatar.

Ataques aos camiões

Os bombardeamentos israelitas constantes impedem a entrada de ajuda humanitária suficiente para fazer face às necessidades do enclave palestiniano. Este domingo, dezenas de palestinianos foram filmados a atacar um dos camiões com ajuda assim que cruzou a fronteira de Rafah – a única que liga Gaza ao Egito. Os israelitas dizem que a ajuda humanitária também já está a entrar pela passagem de Kerem Shalom, que liga o enclave palestiniano a Israel, permitindo duplicar a quantidade de bens que entram no território. Contudo, segundo o Crescente Vermelho, esta ajuda ainda não está a chegar.

Além disso, continua a ser insuficiente. O correspondente da Al-Jazeera no local, Hani Mahmoud, diz que a situação se tornou “desesperada” e que a ajuda que entra é insuficiente, razão pela qual muitos palestinianos já estão em “modo de sobrevivência”. E acrescentou: “As pessoas estão sem nada, sem casa, sem acesso a alimentação, sem água e sem acesso a medicamentos”, pelo que “as cenas que se veem na passagem de Rafah são a resposta natural. Quando as pessoas morrem à fome, quando estão esfomeadas, isto é o que vamos ver acontecer”, indicou.

Encontrado “o maior túnel” de Gaza

O exército israelita revelou este domingo ter descoberto “o maior túnel” subterrâneo construído pelo Hamas na Faixa de Gaza, que termina a poucos metros da fronteira com Israel. “Esta enorme rede de túneis, que se divide em vários segmentos, tem uma extensão de mais de quatro quilómetros e chega até 400 metros do ponto de passagem de Erez”, entre Israel e o Norte de Gaza, indicaram num comunicado as Forças Armadas de Israel. O túnel está equipado com tubagens, eletricidade, sistemas de esgoto e ventilação e permitia a passagem de pequenos veículos, segundo a AFP. De acordo com o Exército israelita, a construção custou vários milhões de dólares e demorou vários anos. No interior foram encontradas armas. O grupo terrorista palestiniano construiu uma série de túneis em Gaza para contornar o bloqueio estabelecido por Israel desde 2007, quando começou a governar o território.

Fonte: dn.pt por susana.f.salvador@dn.pt

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