Líderes europeus confiantes na aprovação do apoio a Kiev

Bloqueio húngaro deverá ser ultrapassado com obtenção de consenso ou contornado no próximo Conselho Europeu.

A assistência financeira destinada à Ucrânia, no valor de 50 bilhões de euros, foi bloqueada pela Hungria durante o Conselho Europeu, mas os restantes países da União Europeia esperam chegar a um consenso, ou contornar a posição de Viktor Orbán, nas próximas semanas. “Vai haver um novo encontro no início do novo ano e nós, enquanto Comissão, vamos usar o tempo até lá para garantir que, aconteça o que acontecer na próxima cúpula, teremos uma solução funcional”, assegurou Ursula von der Leyen em conferência de imprensa em Bruxelas.

Segundo Charles Michel, presidente do Conselho, a próxima reunião a 27 que abordará a revisão do orçamento plurianual e a reserva financeira de apoio à Ucrânia deverá ocorrer no final de janeiro ou início de fevereiro e espera-se que até lá a posição de Budapeste mude. “Conseguimos algo muito importante: estabelecer um acordo a 26. E, por isso, estou convencido de que durante a presidência belga, nos próximos seis meses, vamos contar com o bom trabalho do primeiro-ministro [Alexander] de Croo para alcançar este acordo a 27”, considerou Pedro Sánchez, que lidera a presidência rotativa do Conselho da UE até o final do ano.

O tom positivo foi também realçado pelo chanceler alemão. Olaf Scholz afirmou estar “razoavelmente otimista” sobre a chegada a um consenso, enquanto o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, deixou no ar a hipótese de “uma solução alternativa”, que poderá passar por acordos bilaterais com Kiev.

Orbán alegou falta de “preparação adequada” para vetar o financiamento à Ucrânia. Von der Leyen garante uma “solução funcional” na próxima cúpula.

O primeiro-ministro húngaro, que horas antes permitira a abertura de negociações da adesão da Ucrânia aos 27 saindo da sala no momento da votação, não deixou passar a revisão orçamental que contempla 50 bilhões para Kiev ao longo de quatro anos (17 bilhões em subsídios e o restante em empréstimos). “Resumo do turno da noite: veto ao dinheiro extra para a Ucrânia e veto à revisão do QFP [Quadro Financeiro Plurianual]. Voltaremos a abordar a questão no Conselho Europeu no próximo ano, após uma preparação adequada”, escreveu Orbán no X.

O aliado de Putin não explicou o que é, a seu ver, a não preparação europeia, mas poderá estar relacionada com dinheiro e nada mais do que isso. Horas antes do início do Conselho, a Comissão anunciou o desbloqueio de 10,2 bilhões de euros para Budapeste depois de ter registrado reformas parciais no sistema judicial húngaro, e Orbán não vetou a abertura de negociações com a Ucrânia e a Moldávia. Mas há mais 21 bilhões em suspenso graças à deriva autoritária do líder húngaro e este quer o bolo completo. “Sempre disse que se alguém quiser apresentar uma emenda ao orçamento da UE (…) a Hungria aproveitaria a ocasião para reivindicar claramente o que merece. Não a metade, não um quarto, e sim a totalidade”, disse à rádio estatal magiar.

Quem exultou com a tomada de posição de Orbán foi o porta-voz do Kremlin. Dmitri Peskov saudou a Hungria por “defender firmemente os seus interesses”, para em seguida lastimar a abertura da UE aos antigos países soviéticos, considerando a medida “politizada” e com o objetivo de “irritar a Rússia e antagonizar estes países em relação à Rússia”.

Fonte: dn.pt

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