Soldados israelitas mataram esta sexta-feira a tiro três reféns que tinham sido capturados pelo Hamas, após confundi-los com uma ameaça, revelou o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), Daniel Hagari. O “incidente trágico” ocorreu durante intensos combates no bairro de Shejaiya, na cidade de Gaza, “onde os soldados encontram muitos terroristas, incluindo bombistas suicidas”, não sendo claro se os reféns tinham escapado aos seus raptores ou sido abandonados por eles. As IDF assumiram toda a responsabilidade do “incidente triste e doloroso” que surge no 70.º dia da guerra entre Israel e o Hamas.
“Junto com todo o povo de Israel, inclino a minha cabeça em plena tristeza e luto pela perda de três dos nossos queridos filhos que foram raptados”, escreveu o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, no X (antigo Twitter). “Esta é uma tragédia insuportável. Todo o Estado de Israel está de luto esta noite. O meu coração vai para as famílias enlutadas neste momento difícil”, acrescentou, destacando também a “missão sagrada” dos “corajosos combatentes” que tentam trazer os reféns para casa, arriscando as suas vidas. “Mesmo nesta noite difícil, vamos limpar as feridas, tirar lições e continuar com o esforço supremo de devolver todos os reféns a casa em segurança”, concluiu o primeiro-ministro.
As autoridades israelitas divulgaram o nome de dois dos reféns que foram mortos – Yotam Haim, de 28 anos, levado de Kfar Aza durante o ataque de 7 de outubro, e Samar Talalka, de 24 anos, que tinha sido levado de Nir Am. O nome do terceiro não foi inicialmente divulgado, a pedido da família, mas depois acabou por ser tornado público: Alon Lulu Shamriz, de 26 anos, também de Kfar Aza. Hagari indicou que as IDF estão a investigar o incidente, explicando que após o tiroteio “levantou-se de imediato a suspeita sobre a identidade dos mortos e os seus corpos foram rapidamente transferidos para serem examinados em Israel, onde os reféns foram identificados”.
O incidente ocorreu no mesmo dia em que foram recuperados os corpos de três outros reféns, dois soldados israelitas de 19 anos e o franco-israelita Elia Toledano, de 28 anos, que tinha sido levado do festival de música. Ao todo, já foram recuperados oito corpos (sem contar com os três mortos por erro pelas IDF), sendo que o porta-voz do governo israelita, Eylon Levy, garantiu que o Hamas “tem atualmente os corpos de 20 reféns” na sua posse, alegando que “foram assassinados em cativeiro”. O grupo terrorista terá ainda 129 reféns.
Israel reabre fronteira
O governo israelita aprovou “temporariamente” a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza através da sua fronteira de Kerem Shalom. A ideia é descongestionar a passagem de Rafah, a única que liga o enclave palestiniano ao Egito, por onde tem entrado até agora toda a ajuda. “A decisão do Governo determina que só ajuda humanitária que chegue do Egito será transferida para a Faixa de Gaza desta maneira”, disse o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
Israel indicou ainda que os EUA “se comprometeram a pagar a modernização da passagem de Rafah assim que possível para permitir a transferência de ajuda humanitária só após passar pelo controlo de segurança israelita”. Os EUA congratularam-se com a decisão de abrir a nova passagem. “Vamos continuar a trabalhar de perto com o Egito e outros parceiros na distribuição de assistência humanitária através de Rafah e esperamos que esta nova passagem ajude a descongestionar e facilite a entrega de assistência que pode salvar vidas aos que precisam urgentemente dela em Gaza”, indicou o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, antes de deixar Israel.
Sullivan esteve também em Ramallah para um encontro com o líder da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas. Este insistiu que Gaza é “parte integral” do Estado palestiniano e que “a separação ou qualquer tentativa de isolar qualquer parte deste Estado é inaceitável”. Abbas disse ainda que é “urgente” para a “agressão israelita”, em especial o “genocídio que está a ser levado a cabo contra o povo palestiniano em Gaza”.
Sullivan, que também esteve reunido com responsáveis israelitas em Telavive, disse que os EUA não acreditam que faça sentido para Israel “ocupar Gaza” a longo prazo, alegando que a administração do território terá que passar eventualmente para os palestinianos. Washington tem procurado que Israel mude entretanto o foco da guerra, para evitar tantas vítimas civis, mas sem sucesso.
Desde o ataque terrorista do Hamas de 7 de outubro, no qual morreram 1139 pessoas segundo dados oficiais israelitas, os bombardeamentos e a operação terrestre militar em Gaza já matou 18 700 pessoas, segundo as autoridades de saúde controladas pelo Hamas.
Fonte: dn.pt por susana.f.salvador@dn.pt





