Governo israelita ignora pressão dos Estados Unidos para mudar de tática

Biden quer poupar civis palestinos através de uma mudança de rumo, mas Tel aviv diz que conflito vai para durar.

Dois dias depois de o presidente norte-americano ter modulado o seu apoio a Israel, ao criticar o governo de extrema-direita liderado por Benjamin Netanyahu e a resposta ao Hamas com bombardeamentos “indiscriminados” que fazem perder apoio internacional, o conselheiro de segurança nacional dos EUA encontrou-se com os dirigentes israelitas em Telavive. Segundo o The New York Times, Jake Sullivan aconselhou o gabinete de guerra a mudar de tática nas próximas semanas. Porém, a mensagem de Israel mantém-se inalterada, à exceção de que agora se prevê que a guerra dure “vários meses”.

Já era público que Sullivan iria pressionar Telavive a mudar de rumo. Antes da viagem, o conselheiro de segurança nacional revelou que iria discutir um calendário para acabar com a guerra e exortar os líderes israelitas “a passarem para uma fase diferente do tipo de operações de alta intensidade”, declarações prestadas durante um evento do Wall Street Journal. Faltavam os pormenores. Segundo o NYT, quatro altos funcionários disseram que Washington quer que Israel abandone os bombardeamentos no espaço de três semanas. “A nova fase que os americanos preveem envolveria grupos mais pequenos de forças de elite que entrariam e sairiam dos centros populacionais de Gaza, levando a cabo missões mais precisas para encontrar e matar líderes do Hamas, resgatar reféns e destruir túneis”, disseram as fontes ao jornal nova-iorquino.

Sullivan encontrou-se com o ministro da Defesa israelita Yoav Gallant, com o primeiro-ministro, e depois fez parte de uma reunião entre o gabinete de guerra israelita e uma delegação dos EUA. Em Washington, o porta-voz da Casa Branca confirmava a ideia de que os norte-americanos desejam que a guerra termine “assim que possível” e que o conflito entretanto se torne de “baixa intensidade”, com ataques “precisos e cirúrgicos”. No entanto, John Kirby ressalvou que Washington “não estava a ditar condições” a Israel.

Mais tarde, o próprio presidente norte-americano usou da palavra: “Quero que se concentrem em como salvar vidas de civis”, disse Joe Biden aos jornalistas. “Não quero que deixem de ir atrás do Hamas, mas quero que sejam mais cuidadosos.”

Em resposta, o gabinete de Netanyahu emitiu um comunicado segundo o qual o chefe do governo “tornou claro que Israel vai continuar a guerra até atingir todos os objetivos”. E na reunião de Gallant com Sullivan, o primeiro disse ao segundo que a destruição das infraestruturas dos Hamas é uma tarefa difícil e morosa – “mais do que vários meses”.

Enquanto o maior aliado de Israel aplica pressão – ao que tudo indica ignorada -, as operações militares prosseguem. Segundo as forças israelitas, durante esta semana e até meio da tarde de quinta-feira a força aérea havia realizado mais de 500 ataques aéreos na Faixa de Gaza sob a coordenação das forças terrestres.

Raid em Jenin

Na Cisjordânia, uma incursão militar de 60 horas ao território ocupado saldou-se em 12 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde da Autoridade Palestiniana, ou em dez, segundo Telavive. Entre os mortos está “um adolescente desarmado” de 17 anos que as forças israelitas mataram a tiro “no interior do complexo hospitalar de Khalil Suleiman”, apontou a organização Médicos Sem Fronteiras. Na quarta-feira, um rapaz de 13 anos, que se encontrava doente, teve de ser transportado pelo pai para o mesmo hospital “porque os carros blindados israelitas bloquearam as ambulâncias”, disse a ONG. “O rapaz morreu pouco depois.”

O balanço israelita é outro na operação em Jenin: prenderam 60 palestinianos procurados, apreenderam 50 armas e centenas de engenhos explosivos. Além disso, dizem ter encontrado mais de 10 túneis, sete laboratórios utilizados para fabricar engenhos explosivos e cinco salas de comando. Sete soldados israelitas sofreram ferimentos ligeiros.

Militantes do Hamas presos na Europa

Sete pessoas foram detidas na Alemanha, Dinamarca e Países Baixos na sequência de operações policiais de combate ao terrorismo. As informações foram prestadas pelas autoridades de forma desencontrada. Primeiro foi o superintendente da agência de informações dinamarquesa a anunciar que uma “rede se preparava para um atentado terrorista” e que as detenções, três na Dinamarca e uma nos Países Baixos, surgiram em resultado de uma “investigação intensiva em cooperação estreita com parceiros no estrangeiro”.

Pouco depois foi a vez de o gabinete do primeiro-ministro israelita ter dito que os suspeitos estariam a agir “em nome do Hamas”. Por fim, procuradores alemães disseram ter detido militantes do grupo terrorista Hamas, suspeitos de planear atentados terroristas contra alvos judaicos na Europa. Os detidos na Alemanha são de nacionalidade libanesa e egípcia.

Fonte: dn.pt por cesar.avo@dn.pt

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