O diretor da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA) descreveu ontem a cidade de Gaza como “o inferno na Terra”. “De volta a Gaza, a tragédia está a piorar cada vez mais. As pessoas estão por todo o lado, vivem nas ruas, não têm nada. Imploram por segurança e pelo fim deste Inferno na Terra. Estamos a pedir o impossível aos nossos colegas, nesta situação impossível”, escreveu Philippe Lazzarini na rede social X, após uma visita ao território palestiniano.
Este depoimento surgiu num dia em que o Exército Israelita voltou a intensificar a ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza sitiada, onde, sublinhou o responsável da ONU, a população civil tenta escapar às bombas em condições humanitárias cada vez mais desesperadas.
Combates terrestres, acompanhados de ataques aéreos mortais, estavam ontem a decorrer entre soldados israelitas e combatentes islamistas na zona de Khan Yunis, a grande cidade do sul, onde centenas de milhares de civis se refugiaram depois de fugirem da guerra no norte do território palestiniano.
Forçadas a fugir novamente, dezenas de milhares de pessoas estão agora abrigadas em campos improvisados na cidade vizinha de Rafah, na fronteira com o Egito, onde os alimentos são escassos, apesar da distribuição limitada de ajuda humanitária. “Há cada vez mais pessoas que não comem há um dia, dois dias, três dias? Falta tudo às pessoas”, disse Lazzarini.
No norte da Faixa de Gaza, o Ministério da Saúde do Hamas declarou que o Exército Israelita lançou um ataque contra o Hospital Kamal Adwan, depois de o ter “cercado e bombardeado” por vários dias.
A embaixadora de Israel junto da ONU em Genebra, Meirav Eilon Shahar, garantiu que a ajuda humanitária que entra em Gaza aumentaria desde ontem com a abertura de um segundo posto de controlo em Kerem Shalom, que se vai juntar ao único que existia até agora, em Nitzana, também perto da fronteira entre Israel, o sul de Gaza e o Egito.
Mortos por fogo amigo
O Exército Israelita anunciou ter atingido um local de lançamento de foguetes em Jabalia, perto da cidade de Gaza, que disparou contra Sderot, no sul de Israel, e também revelou ter encontrado centenas de projéteis e lançadores de granadas num complexo do Hamas.
Foi ainda dito que o Exército Israelita, até à data, perdeu 105 soldados, 20 dos quais em acidentes – 13 mortos por “fogo amigo” e os outros sete em acidentes envolvendo veículos ou armas. O ministro israelita da Defesa, Yoav Gallant, reivindicou avanços significativos em Gaza, onde os combates foram ampliados para o sul do território. “O Hamas está à beira da dissolução, as FDI (Forças de Defesa Israelitas) estão a ocupar os seus últimos redutos”, afirmou Gallant.
Entretanto, o Hamas apelou à Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) para que rejeite os Acordos de Oslo de 1993 e passe à “resistência armada”. O apelo foi feito após o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter afirmado que as tropas israelitas estão a preparar-se para uma possível operação em grande escala na Cisjordânia.
Fonte: dn.pt e agências