Acabou! O Campeonato Brasileiro de 2023 entra para a história com a incrível campanha do Palmeiras, a enorme derrocada do Botafogo no segundo turno e o primeiro rebaixamento da vida do tradicionalíssimo Santos.
Na noite dessa quarta-feira, 6 de dezembro, três times – Bahia, Vasco da Gama e Santos – entraram em campo em casa com seus estádios cheios, precisando vencer para evitar o descenso à Segunda Divisão. Dos três, a vantagem era do Santos, que jogava contra o adversário teoricamente mais fraco que os demais e ainda poderia escapar se contasse com algum fracasso dos outros dois concorrentes.
O fracasso chegou, mas na Vila Belmiro, e não dos oponentes contra essa terrível vaga. Assim, com a derrota por 1 x 2 para o Fortaleza, combinada com os triunfos de 4 x 1 do Bahia contra o Atlético Mineiro e de 2 x 1 do Vasco sobre o Bragantino, o time de Pelé, no ano seguinte à morte do Rei do Futebol, amarga seu pior resultado esportivo nos 111 anos, carimbando a vaga para Série B. Em 2024, o Santos não estará entre os grandes do futebol nacional.
Na partida na Vila Belmiro, repleta por 14,1 mil pessoas, os times fizeram um jogo aberto, com muito drama e 29 finalizações (15 x 14), além de equilíbrio nas conclusões certas (6 x 7). Na posse de bola, vantagem santista.
O nervosismo do time da casa era claro, assim como eram evidentes as falhas defensivas e os erros de posicionamentos. Foi em um desses erros que o Fortaleza armou um contra-ataque e Marinho, ex-Santos, praticamente atravessou metade do campo livre até ficar de frente com João Paulo e atirar com precisão: 0 x 1, aos 39 minutos.
O Santos pressionou no final do primeiro tempo e teve duas chegadas perigosas, mas também correu riscos e seu goleiro precisou fazer uma grande defesa.
No segundo tempo, em meio ao emocional abalado, o Peixe chegou ao empate com Messias, de cabeça, aos 13 minutos, em resultado que naquele momento livrava o Santos. Contudo, no Rio de Janeiro, o Vasco desempatou a partida a oito minutos do fim do tempo regulamentar e a necessidade santista de também conquistar o resultado fez o time atacar de qualquer jeito.
No abafa, o Peixe não criou chances e, nos acréscimos, quando o goleiro do time já havia ido para a área contrária várias vezes e estava fora do gol, o Santos errou passe na saída para o ataque e o Fortaleza fez rapidamente a bola chegar a Lucero, para ele atirar por cobertura com a meta vazia e decretar o resultado final de 1 x 2, na pior noite da história dos santistas.
Já nos minutos finais, mesmo antes do segundo gol cearense marcado aos 51 minutos da segunda etapa, muito choro e desespero nas arquibancadas. Após o gol que dinamitou qualquer esperança, vários distúrbios na arquibancada e arremesso de objetos para dentro do campo, com a arbitragem encerrando o confronto sem terminar o acréscimo assinalado. Nas redondezas do estádio, briga com a polícia, mais distúrbios e ônibus incendiados.
O Santos terminou o campeonato na 17ª posição, com 43 pontos, juntando-se aos rebaixados América, Coritiba e Goiás. O Bahia salvou-se na 16ª colocação, com 44 pontos, e o Vasco da Gama na 15ª, com 45 pontos.
Palmeiras, de Abel, campeão mais uma vez!
Não havia qualquer dúvida e o empate por 1 x 1 no Mineirão contra o Cruzeiro foi protocolar para marcar o 12° Campeonato Brasileiro do Palmeiras (oitavo na era moderna, a partir de 1971 e antes da unificação promovida pela CBF) e o seu segundo consecutivo.
O time entrou em campo com 99,97% de chances de título, conforme cálculos do Departamento de Matemática da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), e, claro, fez uma imensa festa.
No jogo equilibrado em Belo Horizonte diante 44,2 mil pessoas, o garoto prodígio Endrick (já vendido para o Real Madrid) abriu o placar para o Verdão aos 21 minutos de partida, enquanto Nikão empatou aos 35 minutos da segunda etapa.
O título coroa a história incrível do técnico português Abel Ferreira, que, desde a sua chegada em 4 de novembro de 2020, comandou o Verdão em nove conquistas, sendo dois Campeonatos Brasileiros, dois Campeonatos Paulistas, duas Libertadores, uma Copa do Brasil, uma Recopa Sul-Americana e uma Supercopa do Brasil. Além disso, a coroação Verde também é um desafogo para a presidente do clube Leila Pereira, que neste ano sofreu com duras críticas da torcida organizada.
Vasco e Bahia salvos
Com muito drama, o Vasco venceu o Bragantino por 2 x 1, com o gol derradeiro sendo marcado por Serginho de cabeça a oito minutos do fim do tempo regulamentar. No momento em que estava empatado, o clube e a torcida já visualizavam o quinto rebaixamento, por causa do empate em São Januário, combinado com os resultados em Salvador e em Santos; a torcida explodiu de emoção com o segundo gol.
Antes, Paulinho abriu o placar aos 29 minutos de jogo e Léo Ortiz empatou aos 18 minutos da segunda etapa. O Vasco foi para o abafa final com um a mais, pois Léo Realpe havia sido expulso aos 30 minutos do segundo tempo.
Na Itaipava Arena Fonte Nova com 28 mil pessoas, o Tricolor da Boa Terra fez sua parte. O time, único dos três que entrou em campo precisando de resultado paralelo, aproveitou erro da defesa atleticana e abriu o placar logo aos 11 minutos. No entanto, o artilheiro do campeonato Paulinho empatou aos 36 minutos, marcando seu 20° gol no certame.
No fim dos acréscimos da etapa inicial, Luciano Juba voltou a colocar o Bahia na frente.
No segundo tempo, o Bahia dominou as ações ofensivas e, com muito menos posse de bola (37% x 63%), chegou ao terceiro gol com Thaciano, aos 22 minutos. A partir disso, era administrar e torcer muito para que Santos ou Vasco não vencessem. O fracasso do Peixe chegava e se concretizou e o Bahia ainda marcou o quarto gol, com Ademir, aos 47 minutos.
Confira a classificação final do Campeonato Brasileiro:
O Brasileirão teve mais seis jogos na quarta-feira. Abaixo, todos os resultados da última rodada e os melhores momentos de cada uma das dez partidas:
Vasco da Gama 2 x 1 Bragantino
Cuiabá 3 x 0 Athletico Paranaense
Fotos: Joilson Marconne/CBF, Thiago Barros/Brasileirão Assaí, Felipe Oliveira/Bahia, Leandro Amorim/Vasco e Mateus Lotif/Fortaleza
