Mulheres no volante

Quase um século de persistência, garra, determinação e luta da mulher pela igualdade e independência fez com que ela alcançasse seu espaço no trânsito, na condução de todos os tipos e tamanhos de veículos.

Já se vão 91 anos desde que a mulher brasileira conquistou autonomia para dirigir devidamente habilitada, com carteira de motorista (CNH). Isso aconteceu em 1932, com Maria José Pereira Barbosa Lima e Rosa Helena Schorling, que se tornaram as primeiras mulheres a conseguir habilitação para dirigir no país.

No entanto, até chegar ao ponto em que estamos, a vida da mulher brasileira no trânsito não foi nada fácil: discriminação, piadinhas de mau gosto e memes! No entanto, a persistência, a garra, a determinação e a luta da mulher pela igualdade e independência fizeram com que ela alcançasse a isonomia no volante e espaço no trânsito, em todas a ruas e autoestradas brasileiras, na condução de todos os tipos e tamanhos de veículos, desde pequenas motocicletas a triciclos, carros de passeio, utilitários, caminhões, ônibus, carretas, bitrens, máquinas agrícolas, motos aquáticas (jet ski) e até aviões a jato e supersônicos da Força Aérea Brasileira (FAB).

Na terra, no ar e nas águas, a mulher alcançou a “maioridade”, isto é, a igualdade e liberdade plena para dirigir, pilotar ou navegar o que ela quiser, tendo amplas condições de obter sua licença em todas as categorias, inclusive para grandes competições, como corridas no asfalto, enduros, disputas de motocross, Rally Cross Country, Rali Dakar, Fórmula Indy, Fórmula Truck e até Fórmula 1.

Aquela velha máxima de que mulher nasceu para só “pilotar fogão” caiu por terra há muitas décadas, começando com o protagonismo das pioneiras do volante Maria José Pereira Barbosa Lima e Rosa Helena Schorling. Mas, antes delas, teve outra brasileira que fez história com as mãos no volante, estreando em competições automobilísticas.

A notoriedade das mulheres no cenário esportivo do automobilismo iniciou na década de 1930, com a atuação da gaúcha Nilza Ruschel, a primeira mulher a se tornar piloto de automóvel. Durante duas décadas, ela foi a única a marcar presença no automobilismo de rua em Porto Alegre, RS.

Quem não se lembra da frase machista “mulher no volante, perigo constante”? Outra máxima popular preconceituosa vencida e sepultada pelas mulheres competentes e destemidas, que superaram todo o machismo dos homens do passado e se impuseram, com coragem, em busca de suas conquistas, dentre elas seu lugar de honra, destaque e respeito nas ruas e rodovias brasileiras. O velho adágio foi substituído pelo desafiador e vingativo “mulher no trânsito, segurança constante”. E olhe só esses dados da Mobility Now, patrocinada pelas gigantes Bosch e Borgwarner: “As mulheres são conhecidas por serem mais cuidadosas no trânsito e isso se reflete nas estatísticas. Dados do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga-SP) revelam que as motoristas são menos propensas a provocar acidentes que resultam em mortes”. E mais, segundo levantamento do aplicativo Zul+, da Estapar Estacionamentos, 79% das multas pagas na plataforma são cometidas por homens. As mulheres respondem por 21% das infrações.

O número de mulheres com CNH ainda é razoavelmente tímido em relação ao de homens habilitados. Segundo um mapeamento da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), com dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), até março de 2021, o Brasil contava com 25,8 milhões  motoristas mulheres, o equivalente a 35% do total de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) válidas no país. Entre elas, 6,8 milhões conduzem também motocicletas.

O estudo ainda revela que os estados brasileiros com o maior número de mulheres habilitadas são: São Paulo, com 8,8 milhões; Minas Gerais, com 2,5 milhões; Paraná, com 1,9 milhão; Rio de Janeiro, com 1,8 milhão; Rio Grande do Sul, com 1,7 milhão; e Santa Catarina, com 1,4 milhão.

O Amapá é a unidade da federação com o menor número de mulheres habilitadas: 49,8 mil.

Os dados também indicam as faixas etárias preponderantes entre as motoristas brasileiras. O grupo com o maior número de habilitações, com 7,5 milhões condutoras, situa-se entre 31 e 40 anos de idade. Em segundo lugar, com 5,5 milhões, mulheres entre 41 e 50 anos. Agrupadas, as mulheres entre 51 e 70 anos representam 5,6 milhões condutoras no país.

Fotos: Thatiana Cunha, Flávio Clark e Divulgação


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