Goiás e Tocantins, estados irmãos, localizados em duas regiões estratégicas do Brasil, Centro-Oeste e Norte, respectivamente, têm uma rica biodiversidade, graças aos ecossistemas e biomas que fazem a transição geográfica entre as matas médias e baixas e o cerrado para os ecossistemas e biomas da amazônia brasileira, compostos de florestas densas de terra firme, florestas estacionais, florestas de igapó, campos alagados, várzeas, cerrado amazônico e campos secos.
Nessas regiões, destacam-se, dentre múltiplas atividades, a pecuária, a agricultura rudimentar e mecanizada, os extrativismos vegetal e mineral, o turismo, as tradições religiosas e a cultura dos povos originários. De parte dessas atividades, vem a cultura gastronômica – a culinária – da região, que também é fomentada e enriquecida com fortes influências do Nordeste, do Sul, do Sudoeste e até de outros países. Mas nada é capaz de ofuscar as características da goianidade e da tocantinidade quando se trata de gastronomia, onde sabores, cores, ingredientes, temperos, condimentos e formas de preparo fazem a diferença e fortalecem a identidade da culinária arraigada na cultura alimentar desses dois povos.
O arroz com pequi, considerado um acompanhamento ou prato típico de Goiás e do Tocantins, também muito popular em outros estados, foi vergonhosamente considerado a segunda pior comida no Brasil.
A avaliação foi divulgada após uma pesquisa feita pelo site americano Taste Atlas, conhecido por suas dicas gastronômicas para quem viaja pelo mundo, com avaliação feita por estrangeiros e brasileiros. Pratos doces e salgados de todas as regiões do país entraram no ranking. Essa avaliação, considerada absurda pelos goianos, tocantinenses e até mesmo por paulistas, baianos e matogrossenses que amam o pequi, gerou muitas críticas e indignação.
A matéria foi publicada num site de notícias de Goiânia (Diário de Goiás), nesse domingo, 3, e também no portal da revista Veja. O arroz com pequi ficou empatado com uma outra comida tradicional, o cuscuz paulista, um patrimônio do estado de São Paulo; ambos receberam a nota de 3,1, mas, por critérios não revelados, o cuscuz foi eleito como o pior dos dois. Ao todo, foram cinco mil leitores votantes e, no caso do prato de São Paulo, ele foi considerado como “bagunçado e estranho”.
No final de 2022, o Taste Atlas, site conhecido por elaborar diversos rankings relacionados a pratos culinários, publicou uma lista das 100 Melhores Comidas do Mundo, que muito repercutiu, especialmente por causa do segundo lugar para a picanha brasileira. Contudo, em sua última divulgação, apresentou uma relação um tanto indigesta: As 10 Piores Comidas Brasileiras.
Esta é a lista das piores comidas brasileiras eleitas pelo site Taste Atlas:
10. Casadinhos (nota: 3,6)
9. Mocotó (nota: 3,6)
8. Salada de maionese (nota: 3,6)
7. Salpicão de frango (nota: 3,6)
6. Sequilhos (nota: 3,6)
5. Maria mole (nota: 3,5)
4. Quibebe (nota: 3,4)
3. Tareco (nota: 3,2)
2. Arroz com pequi (nota: 3,1)
1. Cuscuz paulista (nota: 3,1)
O Guia Gastronômico de Goiás e do Tocantins mantém, desde 2013, uma lista dos pratos (populares), comidas de botecos, alimentos diversos, guloseimas, temperos e condimentos preferidos pela população desses dois estados. Em ordem alfabética, eis os dez condimentos e temperos, os dez pratos populares e as dez guloseimas preferidos do povo de Goiás e do Tocantins.
Condimentos e temperos:
1. Açafrão (cúrcuma)
2. Alho
3. Cebola de Cabeça (branca)
4. Cebolinha verde
5. Coentro
6. Pimenta bode
7. Páprica
8. Pimenta do reino
9. Salsinha
10. Urucum (corante/coloral)
Pratos populares:
1. Arroz com pequi (em Goiás, acompanhado com galinha caipira, quiabo e angu de milho verde)
2. Buchada de bode (só no Tocantins)
3. Carne de sol e churrasco
4. Jantinha (espetinho assado, acompanhado com feijão tropeiro, mandioca cozida e vinagrete)
5. Moqueca de peixe (peixada)
6. Panelada (bucho de gado com mocotó)
7. Peixe (frito, molho ou assado, acompanhado com arroz branco e salada)
8. Macarronada
9. Mocotó
10. Vaca atolada (costela bovina com mandioca)
Fotos: Flávio Clark
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