Vários líderes mundiais enalteceram hoje o legado do ex-secretário de estado dos EUA Henry Kissinger, que faleceu na quarta-feira, lembrando-o como “político visionário” e “grande diplomata”.
O presidente russo, Vladimir Putin, expressou as suas condolências pela morte de Henry Kissinger, num telegrama enviado à viúva do ex-chefe da diplomacia dos EUA divulgado pelo Kremlin, lembrando-o como um político visionário de grande autoridade em todo o mundo.
“Morreu um diplomata muito notável, um estadista sábio e visionário, que durante muitas décadas gozou de autoridade merecida em todo o mundo“, diz o telegrama.
Na nota, Putin realçou que Kissinger, com quem se encontrou em mais de 20 ocasiões, sempre defendeu “uma política externa pragmática”, que “lhe permitiu alcançar a redução da escalada das tensões internacionais”.
“E alcançar importantes acordos soviético-americanos que contribuíram para o fortalecimento da segurança global”, acrescentou.
O presidente russo lembrou que teve a oportunidade de falar com Kissinger – que destacou como “homem profundo e extraordinário” – em inúmeras ocasiões: “Sem dúvida, guardarei dele as melhores lembranças”.
Putin, que sempre dedicou palavras calorosas ao ex-chefe da diplomacia norte-americana, recebeu Kissinger pela última vez em 30 de junho de 2017.
Outros altos funcionários e políticos russos sublinharam que, ao contrário dos atuais líderes ocidentais, Kissinger foi capaz de chegar a um acordo com os seus oponentes sem recorrer a ameaças ou sanções.
Kissinger propôs em 2022 que a Ucrânia concordasse em regressar ao status quo de 2014, o que significaria desistir da península anexada da Crimeia e de parte do Donbass, o que foi rejeitado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Da Ucrânia, surgiu uma declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros, que na rede social X (ex-twitter) considerou que o “legado intelectual” de Kissinger “continuará a influenciar” a “diplomacia e a ordem mundial”, mesmo após a sua morte.
“O seu legado intelectual continuará a influenciar a compreensão da diplomacia e da ordem mundial”, escreveu o ministro Dmytro Kouleba.
Por seu lado, o chanceler alemão Olaf Scholz saudou o “compromisso significativo” de Henry Kissinger para com a amizade entre a Alemanha e os Estados Unidos, acrescentando que o mundo perdeu “um grande diplomata”.
Henry Kissinger, que fugiu da Alemanha nazi para se instalar com a família nos Estados Unidos, “permaneceu sempre ligado ao seu país natal”, acrescentou o chanceler na sua conta na rede social X.
Também o presidente israelita expressou as suas condolências pela morte do ex-secretário de Estado dos EUA, elogiando-o como um grande diplomata que amava Israel.
“Henry Kissinger foi um dos maiores diplomatas. Um adolescente judeu que fugiu dos nazis e se tornou um gigante que moldou a política mundial com suas próprias mãos e mente”, disse Herzog, num comunicado divulgado pelo seu gabinete.
Isaac Herzog sublinhou ainda os “frutos dos processos históricos” que Kissinger liderou, “incluindo o estabelecimento das bases do acordo de paz de Israel com o Egito”.
O ex-secretário de estado norte-americano, figura incontornável da diplomacia mundial durante a Guerra Fria, morreu na quarta-feira, aos 100 anos.
Kissinger, que dominou a política externa dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford, manteve-se ativo até ao fim da vida, apesar da idade avançada.
O lendário e controverso diplomata visitou, em julho, já com 100 anos, a China, onde se encontrou com o presidente do país, Xi Jinping.
As opiniões do antigo diplomata sobre assuntos da atualidade, como a invasão da Ucrânia pela Rússia e os riscos da inteligência artificial, têm sido frequentemente citadas nos meios de comunicação social.
Bush e outros republicanos lamentam morte
O ex-presidente norte-americano George W. Bush e outros políticos republicanos lamentaram nesta quarta-feira a morte do ex-secretário de estado norte-americano Henry Kissinger, com 100 anos, na sua casa em Connecticut.
O país perdeu “uma das vozes mais fiáveis e mais ouvidas na política externa”, sublinhou Bush em comunicado.
O fato de um homem como Kissinger, refugiado da Alemanha nazi, ter chegado a chefe da diplomacia norte-americana “demonstra a sua grandeza e a grandeza da América”, acrescentou.
Na mensagem, o ex-governante agradeceu ao antigo chefe da diplomacia dos Estados Unidos os seus conselhos e a amizade.
O líder da Câmara dos Representantes no Congresso norte-americano, Mike Johnson, também elogiou o legado de Kissinger numa mensagem na rede social X (antigo Twitter), na qual se referiu ao ex-diplomata como “um estadista que dedicou a vida ao serviço dos Estados Unidos”.
O senador Lindsey Graham, por seu lado, destacou a “vida notável” de Kissinger, de origem judaica e que fugiu da Alemanha nazi com a família quando ainda era apenas um adolescente.
Outro senador republicano, Tim Scott, que até há pouco tempo era pré-candidato republicano às eleições presidenciais de 2024, afirmou na mesma rede social que poucos tiveram “um impacto tão consequente na política externa americana” como Kissinger.
China: Morte de Henry Kissinger é “enorme perda”
O embaixador da China nos Estados Unidos, Xie Feng, qualificou hoje de “enorme perda” a morte do antigo secretário de estado norte-americano Henry Kissinger, arquiteto da aproximação entre Pequim e Washington nos anos 70.
“Estou profundamente chocado e triste por saber da morte do dr. Kissinger aos 100 anos”, escreveu o embaixador Xie Feng na rede social X (antigo Twitter), bloqueada na China, naquela que é a primeira reação oficial de Pequim sobre o assunto.
“Esta é uma enorme perda para os nossos dois países e para o mundo”, afirmou o diplomata chinês, acrescentando que “a história recordará o que (…) trouxe às relações entre a China e os Estados Unidos”.
Fonte: dn.pt