Agora têm uma capa em fibra de carbono e estão pintados de preto para dificultar a detecção das defesas aéreas e à vista desarmada. São os drones de ataque Shahed-136 iranianos, reconvertidos em Geran-2 pela Rússia, responsáveis pelo maior ataque de aparelhos não tripulados à capital ucraniana desde o início da invasão russa, nas primeiras horas de sábado, e saldou-se em cinco feridos e danos em edifícios.
Segundo a Força Aérea Ucraniana, os russos lançaram 75 drones suicidas, a maioria dos quais em Kiev, embora outras cinco regiões também tenham sido alvejadas. Num primeiro balanço, as autoridades militares disseram ter interceptado 71 drones, número que foi corrigido mais tarde para 74.
Disseram ainda que foi graças às unidades móveis de artilharia que 40% das aeronaves foram abatidas, o que ajuda a “reduzir a utilização dos dispendiosos mísseis guiados terra-ar”, como comentou o porta-voz da força aérea, Yuri Ihnat. Este militar disse ainda que os drones usados por Moscou são uma versão melhorada dos Shahed iranianos, cujos fragmentos ao caírem feriram cinco pessoas, entre as quais uma criança de 11 anos.
As autoridades ucranianas creem que este tipo de ataque de Moscou serve mais para identificar a localização das defesas aéreas e desgastar o armamento, enquanto se espera mais uma campanha de ataque às infraestruturas energéticas, como no inverno passado. Os serviços de informações do Ministério da Defesa britânico lembraram há dias que a Rússia não tem disparado mísseis de cruzeiro, o que indicaria, com grande probabilidade, que estarão reunindo um arsenal com o objetivo de destruir a capacidade de a Ucrânia se abastecer de energia.
Para Kiev, não existem coincidências. No dia 25 de novembro, comemora-se o Holodomor, a campanha estalinista que resultou na morte por fome de milhões de ucranianos. “A liderança da Rússia parece orgulhar-se da sua capacidade de matar pessoas”, reagiu Volodomyr Zelensky.
O presidente ucraniano recebeu o presidente suíço Alain Berset, que prestou homenagem às vítimas da fome dos anos 30, “provocadas pelos líderes soviéticos”. Numa declaração, Joe Biden, o líder do país que mais assistência militar tem dado à Ucrânia, prestou homenagem ao “corajoso povo” ucraniano. “Há 90 anos, as políticas desumanas de Joseph Estaline e do regime soviético criaram a “morte pela fome”. Hoje, as infraestruturas agrícolas da Ucrânia estão mais uma vez sendo deliberadamente atacadas – desta vez por Vladimir Putin, como parte de sua vontade de conquista e poder”, afirmou o presidente dos EUA.
No dia em que se lembrou a morte pela fome, Kiev organizou uma cúpula internacional sobre segurança alimentar e a iniciativa Cereais da Ucrânia. Ao lado dos presidentes da Suíça e da Letônia e da primeira-ministra da Lituânia, Zelensky disse que o país está recebendo navios para escoltar os cargueiros que atravessam o corredor humanitário do Mar Negro e que Odessa vai ser reforçada “em breve com uma defesa aérea muito poderosa”.
Fonte:dn.pt