A medida que as forças israelitas entram no hospital al-Shifa e a situação humana – no edifício e em toda a Faixa de Gaza – continua a agravar-se, os Estados Unidos acusaram o Hamas de utilizar as unidades de saúde para operações militares, tese comprovada pelo exército israelita, que diz ter encontrado munições, armas e um centro operacional. À quinta tentativa, o Conselho de Segurança da ONU votou a favor de uma resolução proposta por Malta a defender pausas humanitárias urgentes e amplas, bem como corredores humanitários na região em guerra.
Depois de terem encontrado “artefactos explosivos” e se terem envolvido em confrontos no exterior, onde mataram cinco combatentes do Hamas, as Forças de Defesa de Israel realizaram uma missão “precisa e direcionada”, segundo um porta-voz militar israelita. Enquanto isso, o maior aliado de Telavive, os EUA, através do porta-voz do conselho de segurança, John Kirby, acusou o Hamas e outros grupos palestinianos de “utilizarem alguns hospitais da Faixa de Gaza, incluindo o al-Shifa, e túneis por baixo deles, para ocultar e apoiar as suas operações militares e fazer reféns”.
Horas mais tarde, o exército israelita publicou fotografias e vídeos em que mostrou espingardas de assalto, granadas e outros equipamentos militares encontrados no centro de ressonância magnética pelos membros de uma unidade de elite, Shaldag, e outras forças: “Durante as buscas no interior de uma das enfermarias do hospital, as tropas localizaram uma sala que continha meios tecnológicos únicos, equipamento de combate e equipamento militar utilizado pela organização terrorista Hamas.”
Além disso, as forças dizem ter encontrado um quartel-general operacional do Hamas e “meios tecnológicos”, bem como uniformes do Hamas no chão do hospital, “para que os terroristas pudessem escapar disfarçados de civis”, alegou o porta-voz Daniel Hagari. “Estas descobertas provam inequivocamente que o hospital foi usado para o terrorismo, em completa violação do direito internacional.”
Já o Ministério da Saúde do Hamas diz que as acusações de Telavive são uma “flagrante mentira” e considerou o assalto ao hospital um “crime contra a humanidade”. O exército israelita diz que vai permanecer no hospital, uma vez que suspeita que ali resida o principal centro de comando do Hamas.
Entrou combustível em Gaza, mas o uso está limitado ao transporte de ajuda. Ainda assim, Netanyahu foi criticado à direita.
A agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) confirmou ter recebido combustível – pela primeira vez desde 7 de outubro Telavive permitiu a sua entrada. No entanto, segundo o comissário-geral da agência, Philippe Lazzarini, os 23 mil litros recebidos são claramente insuficientes, uma vez que o enclave necessita de 160 mil litros diários para as operações humanitárias. Pior, a sua utilização está restrita ao transporte de ajuda humanitária. “É terrível que o combustível continue a ser utilizado como arma de guerra.”
Ainda assim, esta concessão valeu críticas da extrema-direita, no governo israelita, a Benjamin Netanyahu. “Diesel = arma”, escreveu Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, no X. As críticas ouviram-se também de dentro do Likud, o partido de Netanyahu, com a ministra dos Transportes, Miri Regev, a dizer que se estava a dar “combustível para o Hamas”. Enquanto ouvia críticas e um apelo do chefe da oposição, Yair Lapid, para ser demitido e substituído por outra pessoa do Likud, o primeiro-ministro assegurou que o país será capaz de alcançar todos os esconderijos de Gaza e libertar os reféns.
Em declarações, Mark Regev, conselheiro do chefe de governo israelita, disse ser improvável um um aumento substancial da ajuda humanitária no norte de Gaza enquanto os combates prosseguirem. Foi no sentido de levar ajuda a toda o enclave, norte incluído, que o Conselho de Segurança da ONU aprovou, com a abstenção de EUA, Rússia e Reino Unido, uma resolução a apelar para pausas e corredores humanitários urgentes.
Fonte: dn.pt por cesar.avo@dn.pt





