O Tribunal Superior de Glasgow, na Escócia, deu esta terça-feira como culpados sete dos 11 membros de um gangue por dirigirem uma “monstruosa” rede de abuso sexual infantil, que a associação britânica para a Prevenção da Crueldade contra Crianças (NSPCC), já considerou ser um dos piores casos das últimas décadas no Reino Unido.
Os sete pedófilos, que a 4 de janeiro vão conhecer as penas que terão de cumprir, faziam-se passar por “bruxos e feiticeiros” que levavam crianças do ensino básico para casas, onde lhes davam drogas e álcool ao mesmo tempo que as submetiam a situações de abuso e depravação sexual.
O julgamento, que durou mais de dois meses, concluiu que as sete pessoas agora acusadas como culpadas eram viciados em heroína e organizaram estes encontros, em várias habitações, de forma regular entre 2010 e 2020.
O tribunal referiu mesmo estas sessões como “noites de violação infantil”, sendo que as crianças se referiam ao local onde eram abusadas como a “casa da fera”, onde as mais velhas eram forçadas a abusar das mais novas.
Iain Owens (45 anos), Elaine Lannery (39), Lesley Williams (41), Paul Brannan (41), Scott Forbes (50), Barry Watson (47) e John Clark (46) foram considerados culpados de violação e agressão sexual, sendo que os quatro primeiros também foram considerados culpados de tentativa de homicídio.
Por sua vez, Owens, Williams e Brannan foram ainda considerados culpados de crimes relacionados com drogas e Marianne Gallagher foi condenada por agressão, mas inocentada das outras acusações. Outros três membros deste grupo acabaram por ser absolvidos.
Durante os depoimentos, várias crianças revelaram que algumas vítimas chegaram a ser colocadas dentro de micro-ondas, do um forno, de um frigorífico e de uma arca congeladora, naquilo que foi entendido em julgamento como uma tentativa de homicídio.
As crianças acreditavam que os agressores eram bruxas e feiticeiros que tinham a capacidade de transformá-los em cães e gatos com as suas “varinhas mágicas”.
Em declarações, a ex-mulher de um dos condenados que preferiu o anonimato, revelou ter ficado chocada quando descobriu as atrocidades praticadas pelo seu ex-marido. “Não tolero a violência, mas espero que tenham a pena que merecem”, disse.
Os advogados de defesa argumentaram em tribunal que as crianças teriam mentido nos seus depoimentos, mas a acusação contrapôs dizendo ser descabido que crianças inventassem crimes “tão monstruosos”.
Matt Forde, diretor da NSPCC, disse entretanto à Sky News que este “é um caso verdadeiramente chocante”. “Só de pensar que as crianças viveram aquilo que descreveram. É um caso incomum. Houve alguns casos horríveis ao longo das décadas, mas este é tão chocante que as pessoas nem imaginam que as crianças possam ter tido este tipo de experiências, que possam ter sido expostas a situações tão horríveis, a um abuso tão horrendo. Nem imaginamos o terror por que passaram estas”, sublinhou.
Fonte: dn.pt