O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, garantiu esta segunda-feira que “o Hamas perdeu o controlo de Gaza” e que “os terroristas estão a fugir para sul”. As declarações surgem ao 38.º dia de guerra, depois de, nas redes sociais, circularem fotos que mostram alegados soldados israelitas da Brigada Golani a posar com bandeiras de Israel no interior do Parlamento de Gaza. Desde 2007 que este, tal como o Governo do enclave palestiniano, é controlado pelo Hamas.
“Não há qualquer força do Hamas capaz de parar as IDF [sigla das Forças de Defesa de Israel em inglês]”, disse Gallant, explicando que os militares israelitas estão a “avançar em todos os pontos”. De acordo com o ministro, à medida que os membros do grupo terrorista fogem para sul, os civis palestinianos estão a “saquear” as suas bases. “Não têm qualquer confiança no governo”, disse. Gallant indicou ainda que as IDF estão a avançar de acordo com os planos. “Vamos alcançar os nossos objetivos.”
Os objetivos são a derrota do grupo responsável pelo ataque terrorista surpresa de 7 de outubro contra Israel, que segundo as autoridades de Telavive terá resultado na morte de 1200 pessoas. Pelo menos 239 pessoas foram feitas reféns e levadas para Gaza, segundo a mesma fonte. Desde então, os bombardeamentos israelitas contra a Faixa de Gaza – e a partir de 27 de outubro a operação terrestre – já causaram a morte a 11 mil pessoas (cerca de 4500 das quais crianças e três mil mulheres), de acordo com a contabilização do Ministério da Saúde, controlado pelo Hamas.
Em relação ao grupo terrorista, as IDF revelaram que este terá começado a guerra com à volta de 30 mil homens, divididos em cinco brigadas regionais. Estas, por sua vez, estariam divididas em 24 batalhões e um total de 140 companhias. Cada batalhão tinha mais de mil homens. Os israelitas dizem já ter destruído a eficácia de 10 dos 24 batalhões do Hamas.
Hospitais usados pelo Hamas
O porta-voz das IDF, o contra-almirante Daniel Hagari, revelou entretanto imagens das forças israelitas no hospital infantil Rantisi, na cidade de Gaza. “Sob o hospital, na cave, encontrámos um centro de controlo e comando do Hamas, coletes suicida, granadas, metralhadoras AK-47, engenhos explosivos, lançadores de granadas e outras armas”, disse na conferência de imprensa, reiterando aquilo que Israel tem vindo a dizer desde o início da guerra – que “o Hamas se esconde em hospitais” e que usa os civis como “escudos humanos”.
Hagari explicou ainda que as forças israelitas encontraram “sinais que indicam que o Hamas manteve reféns” no hospital, indicando contudo que a situação está a ser investigada. “Vimos casas de banho improvisadas. Você não constrói casas de banho a menos que queira manter reféns. Também encontramos coisas de bebé”, referiu. “Eles construíram uma pequena cozinha ao lado de uma sala escondida, com ventilação externa. Presumimos que esta área e esta sala eram para terroristas ou terroristas e reféns. Ninguém coloca uma cortina na parede a menos que queira criar um lugar que ninguém sabe se é uma cave”, acrescentou.
Em relação aos cerca de 240 reféns que o Hamas levou para Gaza, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, não se mostrou confiante. “Não posso olhar-vos nos olhos e dizer-vos quantos desses reféns ainda estão vivos”, disse aos jornalistas, quando questionado sobre os reféns, entre os quais estarão pelo menos nove norte-americanos. O Hamas alega que várias dezenas foram mortos nos próprios ataques israelitas a Gaza. Sullivan também disse que não pode garantir que Israel esteja a seguir as regras da guerra, quando questionado sobre eventuais crimes de guerra cometidos pelos israelitas.
Entretanto continuam os combates em torno de um outro hospital, o Dar al-Shifa, que é o maior do território palestiniano. Centenas de pacientes ainda continuam alegadamente no interior do complexo, de seis edifícios, incluindo dezenas de bebés que correm risco de morrer por não haver eletricidade. O hospital também serviu de refúgio para muitos palestinianos que fugiram de casa diante dos bombardeamentos israelitas, mas que entretanto fugiram face ao avanço das forças de Israel, que estão à porta do complexo, debaixo do qual alegam que o Hamas construiu o seu quartel-general.
O presidente norte-americano, Joe Biden, defendeu que os hospitais “devem ser protegidos” dos combates. “Não tenho sido relutante em expressar as minhas preocupações com o que está a acontecer. A minha esperança e expectativa é que haja ações menos intrusivas relativamente a hospitais e continuamos em contacto com os israelitas”, afirmou Biden.
A União Europeia também criticou o Hamas pelo uso dos hospitais e dos civis como “escudos humanos”, com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, a pedir também a Israel por “máxima contenção na seleção de alvos, a fim de evitar vítimas humanas”.
Fonte: dn.pt por susana.f.salvador@dn.pt