Ministro da Defesa israelita diz que “o Hamas perdeu o controle de Gaza”

Israel revela imagens de centro de controlo do grupo terrorista palestiniano sob um hospital, dizendo que há indícios de que alguns reféns terão sido mantidos no local. Biden pede "ações menos intrusivas" contra os hospitais.

O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, garantiu esta segunda-feira que “o Hamas perdeu o controlo de Gaza” e que “os terroristas estão a fugir para sul”. As declarações surgem ao 38.º dia de guerra, depois de, nas redes sociais, circularem fotos que mostram alegados soldados israelitas da Brigada Golani a posar com bandeiras de Israel no interior do Parlamento de Gaza. Desde 2007 que este, tal como o Governo do enclave palestiniano, é controlado pelo Hamas.

“Não há qualquer força do Hamas capaz de parar as IDF [sigla das Forças de Defesa de Israel em inglês]”, disse Gallant, explicando que os militares israelitas estão a “avançar em todos os pontos”. De acordo com o ministro, à medida que os membros do grupo terrorista fogem para sul, os civis palestinianos estão a “saquear” as suas bases. “Não têm qualquer confiança no governo”, disse. Gallant indicou ainda que as IDF estão a avançar de acordo com os planos. “Vamos alcançar os nossos objetivos.”

Os objetivos são a derrota do grupo responsável pelo ataque terrorista surpresa de 7 de outubro contra Israel, que segundo as autoridades de Telavive terá resultado na morte de 1200 pessoas. Pelo menos 239 pessoas foram feitas reféns e levadas para Gaza, segundo a mesma fonte. Desde então, os bombardeamentos israelitas contra a Faixa de Gaza – e a partir de 27 de outubro a operação terrestre – já causaram a morte a 11 mil pessoas (cerca de 4500 das quais crianças e três mil mulheres), de acordo com a contabilização do Ministério da Saúde, controlado pelo Hamas.

Em relação ao grupo terrorista, as IDF revelaram que este terá começado a guerra com à volta de 30 mil homens, divididos em cinco brigadas regionais. Estas, por sua vez, estariam divididas em 24 batalhões e um total de 140 companhias. Cada batalhão tinha mais de mil homens. Os israelitas dizem já ter destruído a eficácia de 10 dos 24 batalhões do Hamas.

Hospitais usados pelo Hamas

O porta-voz das IDF, o contra-almirante Daniel Hagari, revelou entretanto imagens das forças israelitas no hospital infantil Rantisi, na cidade de Gaza. “Sob o hospital, na cave, encontrámos um centro de controlo e comando do Hamas, coletes suicida, granadas, metralhadoras AK-47, engenhos explosivos, lançadores de granadas e outras armas”, disse na conferência de imprensa, reiterando aquilo que Israel tem vindo a dizer desde o início da guerra – que “o Hamas se esconde em hospitais” e que usa os civis como “escudos humanos”.

Hagari explicou ainda que as forças israelitas encontraram “sinais que indicam que o Hamas manteve reféns” no hospital, indicando contudo que a situação está a ser investigada. “Vimos casas de banho improvisadas. Você não constrói casas de banho a menos que queira manter reféns. Também encontramos coisas de bebé”, referiu. “Eles construíram uma pequena cozinha ao lado de uma sala escondida, com ventilação externa. Presumimos que esta área e esta sala eram para terroristas ou terroristas e reféns. Ninguém coloca uma cortina na parede a menos que queira criar um lugar que ninguém sabe se é uma cave”, acrescentou.

Em relação aos cerca de 240 reféns que o Hamas levou para Gaza, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, não se mostrou confiante. “Não posso olhar-vos nos olhos e dizer-vos quantos desses reféns ainda estão vivos”, disse aos jornalistas, quando questionado sobre os reféns, entre os quais estarão pelo menos nove norte-americanos. O Hamas alega que várias dezenas foram mortos nos próprios ataques israelitas a Gaza. Sullivan também disse que não pode garantir que Israel esteja a seguir as regras da guerra, quando questionado sobre eventuais crimes de guerra cometidos pelos israelitas.

Entretanto continuam os combates em torno de um outro hospital, o Dar al-Shifa, que é o maior do território palestiniano. Centenas de pacientes ainda continuam alegadamente no interior do complexo, de seis edifícios, incluindo dezenas de bebés que correm risco de morrer por não haver eletricidade. O hospital também serviu de refúgio para muitos palestinianos que fugiram de casa diante dos bombardeamentos israelitas, mas que entretanto fugiram face ao avanço das forças de Israel, que estão à porta do complexo, debaixo do qual alegam que o Hamas construiu o seu quartel-general.

O presidente norte-americano, Joe Biden, defendeu que os hospitais “devem ser protegidos” dos combates. “Não tenho sido relutante em expressar as minhas preocupações com o que está a acontecer. A minha esperança e expectativa é que haja ações menos intrusivas relativamente a hospitais e continuamos em contacto com os israelitas”, afirmou Biden.

A União Europeia também criticou o Hamas pelo uso dos hospitais e dos civis como “escudos humanos”, com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, a pedir também a Israel por “máxima contenção na seleção de alvos, a fim de evitar vítimas humanas”.

Fonte: dn.pt por susana.f.salvador@dn.pt

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