Donald Trump deverá sentar-se esta segunda-feira no banco de testemunhas num tribunal de Nova Iorque, no processo em que é acusado de inflacionar de forma fraudulenta o seu império imobiliário. O ex-presidente norte-americano volta à ribalta (mesmo o julgamento não sendo transmitido em direto) numa altura em que, a um ano das presidenciais dos EUA, surge nas sondagens à frente do atual presidente, Joe Biden, em cinco dos seis Estados-chave.
O testemunho de Trump surge depois do dos filhos – Donald Trump Jr. e Eric. Este último disse na sexta-feira que o pai estava “muito animado” para falar – a audiência está prevista começar às 15h00 (hora de Lisboa). O ex-presidente já prestou declarações duas vezes sobre este caso, mas à porta fechada. Na primeira declaração, segundo excertos que foram revelados, apelidou o julgamento de “a maior caça às bruxas na história” dos EUA e a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, acusou-o de estar “fora de controlo”.
O julgamento não tem jurados, cabendo a decisão ao juiz Arthur Ergoron, com quem Trump não tem tido uma relação fácil. O ex-presidente apelidou-o de “desequilibrado” e alegou que ele é um “agente democrata, da esquerda radical, que odeia Trump”. O juiz já o obrigou a pagar duas multas, num total de 15 mil dólares, por ter violado em duas ocasiões a ordem de silêncio em relação ao processo, ao criticar nas redes sociais uma funcionária do tribunal.
Ainda antes de o julgamento começar, o juiz considerou que os procuradores apresentaram “provas conclusivas” de que Trump exagerou o tamanho da fortuna nos documentos financeiros entre 2014 e 2021 – num valor que pode ir dos 812 milhões aos 2,2 mil milhões de dólares. E ordenou a liquidação dos vários bens, incluindo da própria Trump Tower. Os advogados do ex-presidente apelaram, mas Trump poderá ser condenado a pagar multas no valor de 250 milhões de dólares.
Este processo civil não é o único problema na Justiça para o ex-presidente, que em março deve começar a ser julgado em Washington por conspiração para reverter os resultados das eleições de 2020. Há ainda mais processos na Geórgia, na Florida ou em Nova Iorque. Mas até agora nada tem afetado a sua popularidade, com ele a aproveitar mesmo a primeira “foto policial” de um ex-presidente para ganhar dinheiro.
Uma sondagem New York Times/Siena College, publicada este domingo, coloca Trump à frente de Biden no Nevada (52% vs. 41%), na Geórgia (49% vs. 43%), no Arizona (49% vs. 44%), no Michigan (48% vs. 43%) e na Pensilvânia (48% vs. 44%). Biden venceu nestes Estados em 2020 e só surge à frente de Trump no Wisconsin (47%, face aos 45% do republicano).
A tendência dos resultados não favorece o atual presidente, com 67% dos inquiridos a considerarem que o país vai na direção errada, 59% a desaprovarem a forma como Biden desempenha o seu papel e 71% concordam com a ideia de que, aos 80 anos, “é velho demais para ser um presidente eficaz”.
Fonte: dn.pt