Maria Fernanda, de três anos e 11 meses, nasceu prematura, com 30 semanas de gestação, portadora de síndrome de Donw e cardiopatia congênita. Depois de longos períodos de tratamentos em Palmas, há pouco mais de três meses, ela foi diagnosticada com a síndrome do Moyamoya, uma doença rara, que pode causar sangramentos no cérebro. Ela teve que passar 20 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) num hospital da capital; nesse período, a garotinha perdeu todos os movimentos do lado direito do corpo, após pequenos AVCs (Acidentes Vasculares Cerebrais).
A mãe da criança, Larissa Miranda de Carvalho, separada do marido, moradora de Taquaralto, teve que deixar o trabalho para cuidar da filha e correr de um lado para outro em busca de assistência médica para, pelo menos, amenizar o sofrimento da menina. Segundo Larissa, “essa é uma doença que não tem tratamento satisfatório com histórico de grandes sucessos, e a melhor forma de dar a ela mais qualidade de vida e melhorar a circulação sanguínea no cérebro é uma cirurgia, que só é realizada em São Paulo, SP, e tem um custo aproximado R$160 mil, pois agora ela vai operar os dois lados do cérebro”, afirmou.
Diante dessa imensa dificuldade, a mãe da Maria Fernanda, Larissa Miranda, tomou a iniciativa de realizar uma campanha pelas redes sociais para tentar arrecadar os recursos para fazer a cirurgia da criança em São Paulo. A cirurgia é um bypass (desvio) direto em que as conexões cirúrgicas (anastomoses) são feitas entre ramos das artérias carótidas externa e interna. Em um desvio indireto, tecidos como artérias, músculos, gálea (um tecido duro e fibroso sob o couro cabeludo) ou dura-máter (a cobertura do cérebro) são colocados na superfície do cérebro. A “Vaquinha Solidária” – nome da campanha – é feita através de pix.
A síndrome de Moyamoya caracteriza-se por uma estenose idiopática, crônica, das artérias carótidas internas, com elevado risco de apresentar eventos isquêmicos ou de sangramento em sistema nervoso central. As causas da Moyamoya ainda não são conhecidas. Alguns estudos sugerem, contudo, que ela pode ser causada por infecções do trato respiratório superior, tonsilites, sinusites, otites e meningites. Inflamações e uso de produtos tóxicos também já foram associados à doença, o que aparentemente não seria o caso da Maria Fernanda; fatores genéticos também podem desencadeá-la – isto sim pode ser o que desencadeou a doença na pequena Maria.
O tratamento para a síndrome de Moyamoya pode incluir o uso de drogas anti-inflamatórias não hormonais e cirurgia. O procedimento cirúrgico visa restaurar a circulação sanguínea no cérebro pelo desenvolvimento de novos vasos sanguíneos. Esse procedimento tem como objetivo retardar a progressão da doença e, em alguns casos, pode-se obter melhora da linguagem, fala e habilidades motoras. Mas, como informou a mãe da Maria Fernanda, o procedimento cirúrgico só é feito em São Paulo e o valor está muito acima das condições financeiras da família, tendo em vista que a mãe está desempregada para poder cuidar da filha e o pai é cabo da Polícia Militar do Tocantins; os demais familiares de ambos também são de baixa renda. A cirurgia para o tratamento da síndrome de Moyamoya não tem a cobertura do SUS (Sistema Único de Saúde).
Fotos: Arquivo da Família
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