Terror com selo do Estado Islâmico de volta à Europa

Um tunisino na Bélgica e um checheno em França mataram em nome da religião. Macron reconhece vulnerabilidades.

“Infelizmente, vimos ontem [esta segunda-feira] em Bruxelas: todos os estados europeus são vulneráveis. E há, de facto, um regresso do terrorismo islâmico, e todos nós somos vulneráveis. É o que acontece quando se é uma democracia, um Estado de Direito onde há indivíduos que podem decidir, num dado momento, cometer os piores atos”, comentou o presidente francês Emmanuel Macron a propósito dos disparos mortais de um tunisino de 45 anos contra dois cidadãos suecos, o mais recente caso a abalar a Europa.

Neste caso, como no atentado de sexta-feira numa escola em França, os dois autores reivindicaram lealdade à organização terrorista Estado Islâmico, embora, num caso como no outro, nenhum dos autores tenha ligado as suas ações à atualidade em Gaza. Horas depois, o grupo terrorista reivindicou o atentado em Bruxelas.

Na terça-feira de manhã, a polícia belga localizou o homem que assassinou dois suecos e feriu um terceiro que se encontravam em Bruxelas para apoiar a seleção. Abdesalem Lassoued, um tunisino de 45 anos, foi morto pelas autoridades no interior de um café em Schaerbeek, nos arredores da capital belga. Na sequência dos disparos mortais sobre os suecos, o homem que se encontrava de forma ilegal na Bélgica fugiu numa scooter e publicou um vídeo nas redes sociais no qual afirmou que a nacionalidade das vítimas motivou os crimes, e afirmou-se “inspirado pelo Estado Islâmico”.

“Não podemos ser ingénuos”, disse o PM sueco. As autoridades belgas não sabiam do paradeiro do tunisino, cujo asilo fora recusado.

Em conferência de imprensa, a secretária de Estado do Asilo e da Migração Nicole de Moor informou que Lassoued tinha tentado obter asilo em novembro de 2019, mas o pedido foi recusado. As autoridades perderam o seu rasto apesar de “ser conhecido pelos serviços policiais por suspeita de tráfico humano, permanência ilegal e ataque à segurança do Estado”, disse o ministro da Justiça, Vincent Van Quickenborne.

As autoridades suecas elevaram, em agosto, o nível de ameaça de três para quatro (numa escala de cinco) na sequência de vários protestos nos quais foram queimadas cópias do Alcorão por um iraquiano, ao que se seguiram manifestações, ameaças, protestos diplomáticos em vários países islâmicos e até a invasão da Embaixada da Suécia no Iraque.

“A Suécia nunca esteve sob uma ameaça tão grande nos tempos modernos como agora”, disse o primeiro-ministro Ulf Kristersson. “Não podemos ser ingénuos”, afirmou. Ao mesmo tempo que reconheceu que o tempo é de “mais segurança, mais cautela, mais vigilância”, Kristersson prometeu “proteger a sociedade aberta e democrática”. E concluiu: “Querem fazer-nos calar… Isso não vai acontecer.”

Na terça-feira, o procurador antiterrorismo de França, Jean-François Ricard, revelou que o autor do atentado à facada na escola secundária em Arras, na região Nord-Pas-de-Calais, Mohammed Mogouchkov, antigo aluno de 20 anos de origem chechena, também gravou um vídeo e um áudio na sequência do homicídio de um professor e de ferimentos provocados noutros três funcionários. Além de ter jurado fidelidade ao Estado Islâmico disse “apoiar os muçulmanos do Iraque, Ásia e Palestina”, embora segundo Ricard não se possa estabelecer uma ligação para os acontecimentos recentes.

O jovem terrorista, que foi preso tal como o irmão mais novo, de 16 anos – este por suspeita de cumplicidade -, mostrou ainda ódio a França, à democracia e ao ensino que recebeu. A radicalização de Mogouchkov tinha sido detetada pelas autoridades e estava a ser vigiado desde o verão.

Fonte: dn.pt

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