Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada pela Rússia para discutir o fornecimento de armas ocidentais à Ucrânia, os membros ocidentais deste órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) insurgiram-se contra o diplomata russo Vasily Nebenzya, acusando-o de difundir ‘fake news’.
“Lamentamos os contínuos esforços cínicos da Rússia para transformar este Conselho num púlpito para a sua crescente campanha de desinformação”, disse um diplomata norte-americano presente na reunião.
“É o cúmulo da hipocrisia que um membro deste conselho, nada menos que um membro permanente, esteja a invadir outro Estado-Membro, em violação da Carta da ONU, para levantar questões sobre o direito inerente à autodefesa dos próprios Estados-Membros”, acrescentou.
Antes, Nebenzya, tinha apontado como exemplo da “corrupção” em Kiev com alegações de que, quando a primeira-dama da Ucrânia visitou Nova Iorque em setembro, teria feito compras milionárias numa das joalharias mais caras da cidade norte-americana.
“Tais exemplos da elite ucraniana a gastar dinheiro no estrangeiro são algo que é noticiado regularmente”, disse.
Contudo, media ucranianos como a Ukrinform, a agência nacional de notícias da Ucrânia, já haviam apontado esta informação – que circulou em vários ‘sites’ russos – como “falsa” e baseada num testemunho de um alegado “ex-funcionário” de uma conhecida loja de joias nova-iorquina e num suposto recibo de compra de Olena Zelenska.
“Isto é falso. O recibo é datado de 22 de setembro de 2023. Neste dia, Olena Zelenska estava em Otava (Canadá), não em Nova Iorque. Além disso, no dia anterior, em Washington DC, ela visitou a Universidade de Georgetown e encontrou-se com a primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden”, diz a Ukrinform.
Na reunião de hoje, o embaixador russo acusou ainda os países ocidentais de não apresentarem uma proposta para a paz na Ucrânia, mas apenas fornecerem armas.
“Abundam as acusações contra o nosso país, sem apoio de factos. Quanto aos factos inconvenientes, são varridos para debaixo do tapete”, disse ainda Nebenzya.
O embaixador russo é acusado desde o início da guerra de usar o seu assento de membro permanente do Conselho de Segurança para difundir ‘fake news’ e propaganda favorável ao Kremlin.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 222 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
Fonte: dn.pt