Do chefe político ao imimigo público nº 1 de Israel. Quem são os líderes do Hamas

O grupo islâmico palestiniano Hamas, que surpreendeu Israel com um ataque de larga escala no último sábado que já provocou a morte a mais de 1.200 pessoas, governa a Faixa de Gaza desde 2007.

Quem são os principais líderes da organização que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, comparou ao grupo Estado Islâmico.

Ismail Haniyeh, o líder político

Haniyeh, de 60 anos, foi eleito chefe do gabinete político do Hamas em 2017 para suceder a Khaled Meshaal, mas já era uma figura conhecida em 2006, quando se tornou primeiro-ministro palestiniano, após uma vitória do Hamas nas eleições parlamentares daquele ano.

No entanto, os laços com o movimento Fatah do presidente palestiniano Mahmud Abbas duraram pouco tempo e, em 2007, o Hamas assumiu o controlo total da Faixa de Gaza depois de expulsar violentamente os partidários do presidente.

Considerado um pragmático, Haniyeh vive num exílio voluntário, dividindo o seu tempo entre a Turquia e o Qatar.

Há muito que faz campanha pela reconciliação entre a resistência armada contra Israel e uma posição política dentro do Hamas, que está catalogado como grupo terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos.

Haniyeh mantém boas relações com os chefes das várias fações palestinianas, incluindo as rivais.

Na sua juventude, o líder do Hamas, conhecido pela sua calma, foi membro do ramo estudantil da Irmandade Muçulmana na Universidade Islâmica de Gaza.

Juntou-se ao Hamas em 1987, quando o grupo militante foi fundado aquando da eclosão da primeira intifada, ou revolta palestiniana contra a ocupação israelita, que durou até 1993.

Durante esse período, Haniyeh foi preso várias vezes por Israel e depois expulso para o sul do Líbano por seis meses.

Em imagens transmitidas pelos media ligados ao Hamas no último sábado, Haniyeh foi visto a assistir a imagens na televisão do ataque do Hamas a Israel, antes de se juntar a outros líderes do Hamas numa oração para “agradecer a Alá por esta vitória”.

 

Mohammed Deif, o ‘chefe de gabinete’

O esquivo Deif, que lidera o braço armado do Hamas, as Brigadas Ezzdine al-Qassam, é o inimigo público número um de Israel e um homem que os israelitas tentaram assassinar pelo menos seis vezes. Está desde 2015 na lista de “terroristas internacionais” mantida pelos Estados Unidos.

Considerado pelo Hamas como o “chefe de gabinete” do grupo, Deif foi o cérebro do ataque de sábado. Foi ele quem anunciou em mensagem de áudio o início do ataque do Hamas a Israel, apelidado de “Inundação de Al-Aqsa”.

Na gravação, Deif é ouvido a dizer que “as posições e fortificações do inimigo foram alvo de 5.000 foguetes e projéteis durante os primeiros 20 minutos” do ataque.

O Hamas, que divulgou a mensagem de áudio, também postou uma foto de Deif na sombra, como costuma fazer para que ele não seja identificado.

Sabe-se da existência de apenas algumas fotografias de Deif de baixa qualidade, a mais recente tirada há cerca de 20 anos.

O seu esconderijo é desconhecido e ele é considerado um mestre do disfarce, capaz de se misturar perfeitamente com a população.

Deif, cujo nome verdadeiro é Mohammed Diab al-Masri, nasceu em 1965 no campo de refugiados de Khan Yunis, em Gaza.

Está envolvido com o Hamas desde a década de 1980 e participou em muitas das suas operações, incluindo o rapto de soldados e atentados suicidas.

Foi nomeado chefe da ala militar do Hamas em 2002, após a morte do seu antecessor, Salah Shehade, num ataque.

Dois anos antes, no início da segunda intifada, Deif tinha escapado, ou sido libertado, de uma prisão dirigida pela Autoridade Palestiniana de Yasser Arafat.

Pouco depois de ter sido nomeado chefe militar do Hamas, Israel lançou a sua quinta tentativa para assassiná-lo em Gaza, num ataque que o deixou gravemente ferido, com relatos não confirmados a sugerirem que ele tinha ficado paraplégico.

A última vez que Israel tentou assassinar Deif foi em 2014, quando lançou um ataque aéreo contra Gaza, matando a sua esposa e um dos filhos do casal.

Os inimigos de Deif apelidaram-no de “um gato com nove vidas”, enquanto os palestinianos o consideram uma lenda viva.

Yahya Sinwar, o ‘homem forte’ de Gaza

Um ex-comandante da ala militar do Hamas, Sinwar, 61 anos, foi eleito em 2017 chefe do grupo militante em Gaza.

Subiu na hierarquia do Hamas como um feroz defensor da luta armada contra Israel e é considerado pelo grupo como o seu “ministro da defesa”.

Uma aura de mistério envolve o franzino Sinwar, falante de hebraico, que conhece bem Israel, tendo passado 23 anos em prisões israelitas antes de sua libertação em 2011, numa troca de prisioneiros envolvendo o soldado franco-israelense Gilad Shalit, que foi mantido em cativeiro pelo Hamas.

Tal como Deif, também ele está na lista dos EUA de “terroristas internacionais” procurados.

Nesta quinta-feira, o porta-voz do exército israelita, Richard Hecht, disse que a ofensiva de Israel em Gaza tem como alvo líderes importantes do Hamas, incluindo Sinwar.

Fonte: dn.pt

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