Por terra, ar e mar, Hamas ataca Israel.

Grupo extremista palestiniano fez pelo menos 250 mortos do lado israelita. Na Faixa de Gaza, a resposta do exército de Israel terá feito mais de 230 mortos. E teme-se o alastrar do conflito.

Num kibbutz junto à fronteira com a Faixa de Gaza, a manhã trouxe o terror. “Estou grávida e tenho um bebé comigo, eles estão a disparar contra a nossa casa, contra as janelas. E tentaram forçar a porta. Não percebo porque é que o exército não está aqui”, lamentou uma testemunha citada pelo diário Haaretz. Este foi um dos muitos relatos do ataque em larga escala lançado ontem de madrugada contra Israel, com milhares de rockets disparados a partir da Faixa de Gaza contra território israelita, enquanto centenas (fontes citadas pelo Haaretz falam entre 200 e 300) de militantes do grupo extremista que governa aquele território desde 2007 penetravam em Israel por terra, mar e ar, sequestrando e raptando civis e militares, disparando contra quem passava.

Israel respondeu com ataques contra alvos do Hamas em Gaza, mas o destino dos reféns parece ser agora a maior incógnita, num ataque que revelou falhas de segurança invulgares em Israel.

“Estamos em guerra”, declarou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pouco depois do início do ataque, garantindo que “o inimigo vai pagar um preço sem precedentes”.

Ao final da tarde, enquanto os líderes políticos e as forças armadas israelitas debatiam o rumo a seguir em termos de retaliação, o exército confirmou que “há soldados e civis sequestrados” em Gaza, confirmando a veracidade das imagens entretanto divulgadas pelo grupo palestiniano. O porta-voz dos militares, Daniel Hagari, recusou avançar números, mas denunciou um “crime de guerra cometido pelo Hamas”.

Já o Hamas disse querer usar os reféns como moeda de troca para exigir a libertação de prisioneiros palestinianos que se encontram em Israel. “O número de reféns que temos libertará todos os prisioneiros palestinianos das prisões israelitas”, disse Saleh al-Arourim alto funcionário do Hamas, citado pelas agências internacionais.

Num comunicado, o grupo palestiniano justificara a operação com a necessidade de resposta às “atrocidades que os palestinianos enfrentam há décadas” e aos ataques contra locais sagrados do islão como a mesquita de Al-Aqsa.

Cerca de 12 horas depois do início do ataque-surpresa contra o seu território, o exército israelita ainda dava conta de combates em 22 localidades do sul do país, com algumas famílias ainda reféns dos militantes palestinianos.

O ataque começou pelas 6h30 com o disparo de rockets a partir da Faixa de Gaza que chegaram mesmo até Telavive e Jerusalém, iludindo o Iron Dome, o sistema de defesa antiaérea de Israel e destruindo edifícios. Ao mesmo tempo, militantes do Hamas penetravam em Israel usando carros, barcos ou parapentes motorizados, ultrapassando a barreira de segurança que o Estado hebraico construiu à volta de Gaza, atacando as localidades e postos militares mais próximos.

Nas ruas de Sderot, cidade mesmo junto à fronteira, podiam ver-se corpos nas ruas.Os números, mesmo não sendo os finais, dão ideia da dimensão do ataque – e do contra-ataque israelita. Do lado de Israel o balanço oficial era de mais de 250 mortos e 1500 feridos, enquanto do lado palestinianos se falava em 230 vítimas mortais e mais de 1100 feridos.

A comunidade internacional apressou-se a condenar o ataque contra Israel, começando pelos Estados Unidos, forte aliado do Estado hebraico, que se solidarizaram com “o Governo e o povo de Israel”, apoiando o seu “direito a defender-se”. Também a União Europeia denunciou um “ataque sem sentido” pela voz da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, passando pela Índia que se mostrou solidária com Israel ou pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que se mostrou preocupado com os civis e com uma possível escalada de um conflito que se arrasta há mais de sete décadas. Mas também houve quem aplaudisse a operação do grupo palestiniano, como o seu patrocinador Irão ou o grupo xiita libanês Hezbollah.

Temendo precisamente que o militantes do Hezbollah se juntem ao Hamas com ataques a partir da fronteira norte, a força de paz da ONU no Líbano reforçou a sua presença no terreno.

Numa análise na sua edição em inglês o jornal Yediot Ahronoth sublinhava como “o pesadelo desta manhã vai ser difícil de esquecer e como o trauma vai assombrar os israelitas durante muito tempo”. E culpava o governo de Netanyahu – “o escalão político falhou, isso é claro”. Mas não poupa também os militares e serviços secretos, destacando que as imagens de militantes armados do Hamas a passear por localidades israelitas e a regressarem a Gaza com reféns são “um golpe moral” e um “desastre para a narrativa que os israelitas têm contado a si próprios durante anos”.

No Haaretz, o analista Amos Harel, especialista em assuntos de defesa, também destaca “um fracasso israelita em larga escala”. Enquanto a BBC garantia que “não fazíamos ideia que isto ia acontecer” era a resposta que estava a obter de todos os responsáveis em defesa e intelligence israelitas que estava a contactar. Mas para já, enquanto procuram saber o que correu mal com os seus sistemas de informação, os israelitas têm outras prioridades: recuperar os reféns, com uma operação militar ou por via das negociações, neutralizar a capacidade do Hamas de lançar rockets e garantir que o Hezbollah não se junta ao conflito.

Fonte: dn.pt

Notícias Relacionadas
Continue Lendo
Rede Jovem News