O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu declarou neste sábado que Israel está “em guerra” com o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, na sua primeira intervenção pública após um múltiplo ataque desse grupo palestino a território israelita. Até este momento, a guerra entre o Hamas e Israel já fez cerca de 400 mortos dos dois lados e mais de 2.700 feridos.
Netanyahu alertou já nesta noite os palestinos que vivem perto das instalações do Hamas em Gaza para saírem, prometendo transformar os seus esconderijos em “escombros”.
“Todos os lugares onde o Hamas está baseado, nesta cidade do mal, todos os lugares onde o Hamas se esconde, onde age – vamos transformá-los em escombros”, disse o primeiro-ministro israelita.
“Estou dizendo ao povo de Gaza: saiam daí agora, porque estamos prestes a agir em todos os lugares com toda a nossa força”, acrescentou, numa breve declaração televisionada.
Segundo o exército israelita, milicianos do Hamas sequestraram “soldados e civis israelitas”. “Há soldados e civis sequestrados. Não posso fornecer números neste momento. É um crime de guerra cometido pelo Hamas e eles pagarão as consequências”, declarou o porta-voz do exército israelita, Daniel Hagari.
A ONU já convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para domingo, 8. A reunião acontecerá para discutir “a situação no Oriente Médio, incluindo a questão palestina”, segundo comunicado da organização liderada por António Guterres.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, informou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que o ataque do Hamas ao território israelita será respondido com medidas “prolongadas e poderosas”, noticiou a Europa Press.
Netanyahu “deixou claro que será necessária uma campanha prolongada e poderosa”, numa conversa telefônica com Biden em que o presidente norte-americano indicou que “os Estados Unidos estão com Israel e apoiam totalmente o direito de Israel a defender-se”.
Mais de 200 pessoas morreram em Israel na ofensiva do Hamas, enquanto pelo menos 232 palestinos morreram em Gaza devido aos ataques aéreos israelitas, segundo os mais recentes dados confirmados por fontes médicas, citadas por agências internacionais.
O número de feridos na Faixa de Gaza subiu para 1.697, de acordo com o Ministério da Saúde palestino, e em Israel subiu para 1.100, segundo os serviços de emergência, citados pela agência Efe, na sequência da ofensiva surpresa que o Hamas lançou nesta manhã contra Israel por terra, mar e ar, e da resposta que se seguiu.
“Os hospitais na Faixa de Gaza receberam até agora 232 mártires e 1.697 pessoas com vários ferimentos resultantes da agressão israelita”, afirmou o Ministério da Saúde palestino, num comunicado citado pela agência France-Press.
O Exército israelita afirmou que ocorrem combates em 22 localizações no sul do país, cerca de 12 horas depois de militantes do Hamas terem lançado o ataque surpresa na região.
“Não há nenhuma comunidade no sul de Israel onde não tenhamos forças”, afirmou, em comunicado, o porta-voz do Exército israelita, o contra-almirante Daniel Hagari.
De acordo com o porta-voz, as forças israelitas recuperaram o controle de algumas comunidades, embora continue realizando ações para se certificar de que as áreas estejam seguras.
“É uma guerra”
“Cidadãos de Israel, estamos em guerra. Não numa operação, não são rondas de combates, é uma guerra”, disse Benjamin Netanyahu, num vídeo difundido nas suas redes sociais.
“Estamos em guerra e vamos vencê-la”, sublinhou, horas depois do início de um ataque do Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
O primeiro-ministro israelita acrescentou que ordenou, “em primeiro lugar, que os militares limpassem as cidades onde se infiltraram militantes do Hamas, onde ocorriam tiroteios com soldados israelitas.
“Isto está atualmente sendo feito. Ao mesmo tempo, ordenei uma ampla mobilização de reservas e que devolvamos o fogo com uma magnitude que o inimigo nunca conheceu. O inimigo pagará um preço sem precedentes”, acrescentou.
Israel bombardeou, entretanto, pelo ar, várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, no início da sua operação “Espadas de Ferro”, em resposta ao ataque surpresa que o grupo islâmico lançou hoje de manhã contra o território israelita, sob o nome de operação “Tempestade al-Aqsa”, que incluiu o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar no território israelita.
As milícias de Gaza continuam lançando foguetes e as sirenes de ataque aéreo não pararam de soar durante toda a manhã nas cidades do sul e centro de Israel, incluindo Telavive e Jerusalém.
Segundo a AFP, caças israelitas atingiram três edifícios de vários andares em Gaza, lançando nuvens de poeira para o céu enquanto as torres de mais de dez andares desabavam. “A organização terrorista Hamas coloca deliberadamente os seus meios militares no coração da população civil na Faixa de Gaza”, afirmou o exército num comunicado, confirmando o ataque. “Antes do ataque, as IDF (exército) avisaram antecipadamente os ocupantes… e pediram-lhes que evacuassem.”
Em Jerusalém, os civis deixaram as ruas desertas; muitos deles abrigaram-se em “bunkers”, enquanto numerosas tropas patrulham e inspecionam minuciosamente as ruas, parques e estacionamentos de centros comerciais.
Israel ordenou, entretanto, à sua empresa estatal de eletricidade que interrompa o fornecimento à Faixa de Gaza, disse o ministro da Energia.
A Embaixada de Israel em Portugal já confirmou que o exército israelita declarou “estado de guerra e o nível mais elevado de alerta de emergência” após um ataque do Hamas a território israelita com vítimas civis.
Também o presidente da Comunidade Judaica do Porto, Gabriel Senderowicz, emitiu uma declaração onde refere que “quando se usam todos os meios para massacrar inocentes e se raptam jovens, mulheres, bebês e até idosas de cadeira de rodas, pelo único fato de serem pessoas judias israelitas, a reação não pode ser outra que não a eliminação da hidra, que aliás se diz preparada para atacar em todo o mundo”.
“O dia mais alegre do calendário judaico (simchá Torá) deu lugar ao choro nas sinagogas, onde as pessoas perguntam pelos direitos humanos dos judeus e não querem ouvir mais declarações de circunstância”, acrescentou.
“Estamos à beira de uma grande vitória” diz o Hamas
O chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, disse neste sábado que o grupo militar palestino estava “à beira de uma grande vitória” depois de lançar um ataque surpresa contra Israel a partir da Faixa de Gaza.
“Estamos à beira de uma grande vitória e de uma conquista clara na frente de Gaza”, disse Haniyeh num discurso, transmitido pela televisão Al-Aqsa, controlada pelo Hamas.
“Basta, o ciclo de intifadas (revoltas) e revoluções na batalha para libertar a nossa terra (palestina) e os nossos prisioneiros que definham nas prisões de ocupação (israelitas) deve ser concluído.”
O líder do braço armado do Hamas, Mohammed Deif, confirmara no início deste sábado que o grupo lançou uma nova operação militar contra Israel durante a madrugada.
Numa rara declaração pública, Mohammed Deif disse que 5.000 foguetes foram disparados contra Israel durante a madrugada, para dar início à “Operação Tempestade Al-Aqsa”.
“Decidimos dizer basta”, notou Deif, apelando a todos os palestinos para confrontarem Israel.
A mensagem de Deif foi gravada, já que o líder, que sobreviveu a múltiplas tentativas de assassínio por parte de Israel, não faz aparições públicas.
O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, entretanto, disse neste sábado que o Hamas lançou “uma guerra contra o Estado de Israel”, depois de centenas de foguetes terem sido disparados contra Israel.
“O Hamas cometeu um grave erro nesta manhã ao lançar uma guerra contra o Estado de Israel” e os soldados israelitas “estão combatendo o inimigo em todos os locais”, afirmou Gallant, em comunicado citado pela agência noticiosa AFP.
Os elementos do Hamas entraram em Israel por terra, mar e pelo ar usando paraquedistas, disse o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), tenente-coronel Richard Hecht.
O exército de Israel disse neste sábado que “um número desconhecido de terroristas” da Faixa de Gaza se infiltrou em território israelita e apelou aos residentes da região para permanecerem em casa.
“Foi pedido aos residentes das zonas próximas da Faixa de Gaza para permanecerem nas suas casas”, disse.
As declarações foram feitas depois de várias dezenas de foguetes terem sido disparados nesta manhã da Faixa de Gaza em direção a Israel, que já declarou estado de alerta de guerra, com o país mobilizando soldados e chamando os que estavam na reserva.
O chefe do Conselho Regional de Shaar HaNegev, em Israel, foi morto quando combatia membros do Hamas durante um ataque do grupo no sul do país nesta manhã, anunciaram as autoridades israelitas, citadas pela Efe.
O homem morto foi identificado como Ofir Liebstein, refere a Efe, que cita uma declaração daquele conselho regional, relatada pelo Times of Israel. “Ofir foi morto quando defendia uma cidade de um ataque terrorista”, escreve a Efe.
Pelo menos 247 palestinos, 32 israelitas, um ucraniano e um italiano foram mortos desde o início do ano, em atos de violência ligados ao conflito israelo-palestino, segundo uma contagem da AFP, baseada em fontes oficiais israelitas e palestinas.
Estas estatísticas englobam combatentes e civis, incluindo menores, do lado palestino, e civis, incluindo menores e três membros da minoria árabe, do lado israelita.
Guterres preocupado com civis e com escalada do conflito
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou preocupação com os civis na escalada do conflito entre Israel e os territórios palestinos e apelou a “todos os esforços diplomáticos para se evitar um conflito de grandes proporções”.
António Guterres, em comunicado divulgado pelo seu porta-voz e citado pela agência EFE, condenou “nos termos mais fortes o ataque do Hamas contra aldeias israelitas perto da Faixa de Gaza e no centro de Israel, incluindo o disparo de milhares de ‘rockets’ contra centros populacionais israelitas”.
O chefe da Nações Unidas (ONU) apelou à “máxima contenção”, embora sem visar especificamente qualquer das partes, e apelou a “todos os esforços diplomáticos para se evitar mais conflitos”.
“A violência não pode ser uma solução para o conflito e a paz só pode ser alcançada através de negociações que conduzam a uma solução de dois Estados”, sublinhou.
O secretário-geral da ONU assinalou o impacto do ataque sobre a população civil, referindo-se aos “numerosos” israelitas mortos, feridos, atacados e raptados das suas casas, expressando as suas condolências às vítimas e às suas famílias. Apelou ainda à libertação das pessoas sequestradas.
Estados Unidos condenam “ataques de terroristas”
Os Estados Unidos da América (EUA) condenaram os “terríveis ataques perpetrados por terroristas” do movimento islamita Hamas contra Israel, que causaram centenas de mortes e milhares de feridos.
Numa nota de imprensa, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, defendeu que “nunca há justificação para o terrorismo”.
“Os Estados Unidos condenam inequivocamente os terríveis ataques perpetrados por terroristas do Hamas contra Israel, incluindo civis e comunidades civis”, refere.
Os EUA solidarizam-se “com o Governo e o povo de Israel”, a quem apresentam “condolências pelas vidas israelitas perdidas nestes ataques”, afirmou.
“Continuaremos em estreito contato com os nossos parceiros israelitas. Os Estados Unidos apoiam o direito de Israel a defender-se”, concluiu.
Já a encarregada de negócios da Embaixada dos Estados Unidos em Israel, Stephanie Hallett, condenou a morte de civis israelitas em ataques de “terroristas de Gaza”, numa alusão à ofensiva lançada pelas milícias palestinas.
“A Embaixada dos Estados Unidos em Israel está chocada com as imagens que chegam do sul de Israel de civis mortos e feridos pelas mãos dos terroristas de Gaza”, afirmou Hallett numa mensagem da rede X (antigo Twitter).
“Os Estados Unidos estão ao lado de Israel”, sublinhou Hallett.
UE condena “inequivocamente” ataques do Hamas
A União Europeia condenou “inequivocamente” os ataques do Hamas e expressou a sua “solidariedade para com Israel”, declarou neste sábado o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
“Acompanhamos com angústia as notícias sobre Israel e condenamos inequivocamente os ataques do Hamas. Esta violência horrível tem de cessar imediatamente”, referiu.
Numa publicação no X (antigo Twitter), Josep Borrell sublinhou que o terrorismo e a violência não resolvem nada, deixando ainda expressa a sua solidariedade para com Israel, nestes tempos difíceis.
Também durante a manhã de hoje, numa publicação no X, a Alemanha condenou “veementemente os ataques terroristas vindos de Gaza contra Israel”.
Segundo a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, Israel tem toda a sua solidariedade e “o direito, garantido pelo direito internacional, de se defender contra o terrorismo”.
Por sua vez, a França também condenou com toda a firmeza os ataques terroristas contra Israel.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, condenou também firmemente o ataque que o grupo islâmico Hamas lançou contra Israel a partir da Faixa de Gaza, durante a madrugada.
“Condenamos firmemente os ataques terroristas lançados contra civis pelo Hamas hoje. Israel tem o direito de se defender”, escreveu o chefe da diplomacia portuguesa numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
João Gomes Cravinho considerou que estes ataques “nada resolverão”, contribuindo “apenas para piorar a situação na região”.
“Estamos solidários com Israel e oferecemos condolências pelas vítimas”, acrescentou.
Turquia e Moscou exortam Israel e palestinos a agirem com contenção
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, apelou neste sábado a israelitas e palestinos para “agirem razoavelmente” e evitarem uma escalada de violência, após os ataques lançados pelo Hamas a partir da Faixa de Gaza.
“Apelamos a todas as partes para que atuem de forma razoável e se abstenham de agir impulsivamente, o que aumentaria as tensões”, disse o líder turco.
Pelo seu lado, Moscou pediu “contenção” após os ataques, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, citado pela agência Interfax.
“Estamos em contato com todos agora. Com os israelitas, os palestinos e os árabes”, disse Mikhail Bogdanov, que também é o enviado do Kremlin para o Médio Oriente e a África.
ONU condena ataque do Hamas a Israel e exorta partes a “afastarem-se do abismo”
O coordenador das Nações Unidas para o processo de paz no Médio Oriente condenou hoje o ataque desta manhã do Hamas contra Israel, exortando todos a “afastarem-se do abismo” para o qual o conflito caminha.
“Condeno veementemente o ataque multifacetado a cidades e aldeias israelitas perto da Faixa de Gaza e o lançamento de foguetes pelas milícias do Hamas contra o centro de Israel”, afirmou Tor Wennesland, citado pela Europa Press.
O responsável declarou-se alarmado com a extrema gravidade da situação global e deixou um pedido: “Estamos num precipício perigoso e apelo a todos para que se afastem do abismo”.
Segundo aquele responsável, “estes acontecimentos resultaram em cenas horríveis de violência e em muitos mortos e feridos israelitas, muitos dos quais teriam sido raptados dentro da Faixa de Gaza”.
“Estes são ataques atrozes contra civis e devem cessar imediatamente”, cita a Europa Press.
Fonte: dn.pt