França vai realizar reuniões de emergência por causa de praga de percevejos

Nas últimas semanas, os percevejos deixaram de ser motivo de possível escárnio para se tornarem uma questão política controversa em França, com cidadãos horrorizados a relatarem ter visto as criaturas em locais como comboios, metro de Paris e cinemas.

O governo francês anunciou esta terça-feira que vai levar a cabo reuniões de emergência esta semana para examinar o número crescente de casos relatados de percevejos, que estão a ser cada vez mais vistos como um potencial grande problema de saúde pública.

Nas últimas semanas, os percevejos deixaram de ser motivo de possível escárnio para se tornarem uma questão política controversa em França, com cidadãos horrorizados a relatarem ter visto as criaturas em locais como comboios, metro de Paris e cinemas.

As preocupações ganharam um peso adicional numa altura em que França acolhe o Campeonato do Mundo de Râguebi e Paris se prepara para receber atletas e adeptos de todo o mundo nos Jogos Olímpicos de 2024.

Duas escolas – uma em Marselha e outra em Villefranche-sur-Saone, nos arredores de Lyon, no sudeste da França – foram infetadas com percevejos e foram fechadas durante vários dias para serem limpas, disseram as autoridades locais.

O objetivo de uma reunião agendada para esta quarta-feira, que terá o ministro dos Transportes, Clement Beaune, a receber organizações de transportes de passageiros, será “quantificar a situação e reforçar as medidas”, disse o seu ministério.

“Queremos informar sobre as ações realizadas e atuar ao serviço dos passageiros para tranquilizar e proteger a população”, afirmou o ministério.

Uma reunião entre ministérios vai realizar-se na sexta-feira, anunciou o porta-voz do governo, Olivier Veran, à RTL TV, prometendo “trazer rapidamente respostas para os franceses”.

Entretanto, o líder do partido Renascentista (do presidente Emmanuel Macron) na Assembleia Nacional Francesa, Sylvain Maillard, disse que vai ser apresentado um projeto de lei interpartidário “no início de dezembro” para combater o “flagelo” dos percevejos.

Maillard afirmou que o partido do presidente e os seus aliados decidiram tornar o assunto uma “prioridade” e exigiu que a oposição de direita e de extrema esquerda apresentassem sugestões para um texto interpartidário.

O ministro da Saúde, Aurelien Rousseau, insistiu na rádio France Inter que não houve “pânico geral” sobre o assunto.

“O que me preocupa é que as pessoas não sejam enganadas por empresas que as obrigam a pagar 2000 ou 3000 euros” para livrar as suas casas dos percevejos, acrescentou, denunciando “abusos” no setor do controlo de pragas.

Questão de saúde pública

Os percevejos, que tinham desaparecido em grande parte da vida quotidiana na década de 1950, ressurgiram nas últimas décadas, principalmente devido à elevada densidade populacional e ao aumento dos transportes de massas.

Acredita-se que um décimo de todos os lares franceses teve um problema de percevejos nos últimos anos, geralmente exigindo uma operação de controlo de pragas que custa várias centenas de euros e que muitas vezes necessita de ser repetida.

Os insetos sugadores de sangue foram vistos no metro de Paris, em comboios de alta velocidade e no aeroporto Charles De Gaulle de Paris.

No entanto, os casos individuais não foram confirmados pelas autoridades e a RMC TV informou que uma investigação realizada pelo operador de transportes parisiense RATP não encontrou percevejos nos seus serviços.

O deputado renascentista Bruno Studer disse que uma prioridade para o futuro será contar o número de percevejos. “Não sabemos hoje se há mais percevejos do que em 2019”, afirmou.

Além do desenvolvimento de ferramentas estatísticas, o texto poderá permitir reconhecer o problema como “uma questão de saúde pública”, afirmou o seu colega de partido Robin Reda.

“Perdemos seis anos. O governo não fez nada”, acusou Mathilde Panot, do grupo de deputadas de extrema-esquerda França Insubmissa, acrescentando que “a urgência é agir agora” com um plano nacional de prevenção, um fundo de emergência e a criação de serviços públicos de desinfestação.

Os percevejos têm o hábito de fazer ninhos em colchões, embora também se possam esconder em roupas e bagagens, saindo à noite para se alimentar de sangue humano.

Picadas de percevejos causam vermelhidão, bolhas ou erupções cutâneas grandes na pele e podem causar comichão intensa ou reações alérgicas, e também costumam causar sofrimento psicológico, problemas de sono, ansiedade e depressão.

Fonte: dn.pt

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