No último fim de semana, o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) conduziu uma visita técnica à região do Jalapão, nos dias 1 e 2 de outubro, com o objetivo de avaliar as atividades de coleta sustentável do capim-dourado nos campos de Brejo Antônio, Podoião e Rio do Meio. Essa iniciativa envolveu equipes da Gerência de Suporte ao Desenvolvimento Socioeconômico, da Área de Proteção Ambiental (APA) do Jalapão e do Parque Estadual do Jalapão (PEJ).
A principal finalidade da visita, conforme explicado por Vanessa Braz, gerente de Suporte ao Desenvolvimento Socioeconômico do Naturatins, era verificar se os extrativistas e artesãos estavam adotando práticas adequadas de coleta e manejo sustentável do capim-dourado.
Infelizmente, durante as inspeções, foi evidenciado que a coleta e o manejo desse recurso estavam sendo realizados de maneira inadequada. Observou-se a remoção de muitas rosetas e sapatas diretamente do solo, indicando que as hastes estavam sendo colhidas prematuramente, enquanto ainda estavam verdes. Além disso, foi constatada a presença de inúmeras “cabecinhas” dispersas em locais distantes das veredas.
É importante ressaltar que a retirada das rosetas compromete a sobrevivência da planta e que não espalhar as “cabecinhas” nas veredas impede a germinação de novas plantas. Portanto, essas práticas inadequadas têm um impacto negativo na continuidade e na preservação dessa espécie, que desempenha um papel crucial no desenvolvimento socioeconômico das comunidades.
Vanessa Braz enfatizou ainda que a ocorrência dessas ações inadequadas coloca o órgão ambiental em alerta, pois o manejo inadequado contribui para a redução da presença do capim-dourado no Tocantins.
Natanael Alves da Silva, um artesão e extrativista da Comunidade Quilombola Mumbuca, que realiza a coleta do capim-dourado no Jalapão há 24 anos, estava presente em um dos campos inspecionados e explicou a maneira adequada de realizar o manejo sustentável do capim-dourado. Ele enfatizou a importância de puxar o capim-dourado segurando sua haste próximo à “cabecinha” para evitar a extração da sapata do solo. Além disso, ele destacou a importância de dispersar as “cabecinhas” no campo de coleta após a remoção das plantas, garantindo assim a preservação da espécie.
Ao longo de seis meses, a equipe da Gerência de Suporte ao Desenvolvimento Socioeconômico do Naturatins realizou oficinas de orientação em dez municípios, envolvendo comunidades indígenas, quilombolas e pessoas ligadas à cadeia produtiva do capim-dourado e do buriti. Mais de 300 pessoas foram diretamente informadas e orientadas sobre a importância da prática sustentável desses recursos naturais.
Fotos: Andréa Marques