Foi há menos de um ano que o presidente ucraniano viajou até à capital dos EUA, mas a paisagem política mudou de forma significativa. As eleições intercalares deram a maioria aos republicanos na câmara baixa. Em janeiro, a democrata Nancy Pelosi cedeu o lugar ao republicano Kevin McCarthy, desde o início condicionado pelo grupo de 30 extremistas que se agrupam sob o nome de Freedom Caucus e que ameaçam paralisar o governo federal dentro de duas semanas. Entre estes não falta quem seja contra o apoio à Ucrânia, pelo que para Volodymyr Zelensky uma segunda visita ao Congresso pode ser crucial para assegurar apoios entre as fileiras de republicanos mais moderados.
A viagem do líder ucraniano a Washington terá lugar após reuniões com outros líderes mundiais à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque. Na quinta-feira, Zelensky será recebido por Joe Biden na Casa Branca, ao que se seguirão reuniões no Congresso dos EUA num momento em que o presidente quer aprovar um novo pacote de ajuda para a Ucrânia.
Em dezembro, o presidente ucraniano voltou para Kiev sem receber o que então pedia: tanques de guerra, aviões de caça e mísseis de longo alcance. Nove meses depois, os primeiros tanques Abrams estão a caminho da Ucrânia, os F-16 serão fornecidos pela Dinamarca e Países Baixos possivelmente dentro de três a quatro meses.
Quanto aos mísseis de longo alcance, a Ucrânia recebeu os britânicos Storm Shadow e os franceses SCALP, ar-terra. Mas os seus comandantes acreditam que os ATACMS, disparados de terra pelos sistemas de artilharia de lançadores múltiplos de foguetes, poderão fazer toda a diferença, pelo que Zelensky deverá mais uma vez pressionar Biden. Segundo o Wall Street Journal, os EUA estarão inclinados a fornecer uma quantidade limitada destes mísseis de alta precisão.
Do tango à barinia
Regressado do extremo oriente, onde se encontrou com o ditador norte-coreano Kim Jong-un, Vladimir Putin reuniu-se com o seu mais próximo aliado, o bielorrusso Alexander Lukashenko. No final do encontro, negou a necessidade de as forças armadas recorrerem a qualquer mobilização geral ou a contratarem mercenários, uma vez que há 300 mil voluntários contratados desde o início do ano. “Não há necessidade de convidar pessoas de fora para lutar” contra a Ucrânia, afirmou, desmentindo notícias de que o exército faz publicidade em países como o Cazaquistão.
Ao ser questionado sobre a declaração do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, de que “são precisos dois para dançar o tango”, em referência a uma hipotética negociação entre Moscovo e Kiev, Putin não deixou a dança em mãos alheias. “O tango é bom, claro, mas penso que é importante que a Ucrânia não se esqueça do hopak – a sua dança tradicional -, ou acabará por dançar ao som da música de outros. E, já agora, de uma forma ou de outra, todos terão de dançar a barinia ou, na melhor das hipóteses, como um cossaco”, disse Putin em referência à dança tradicional russa.
Fonte: dn.pt