Setembro Amarelo: Araguaína faz atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade

A prefeitura levou serviços em saúde, cortes de cabelo e orientações sobre os cuidados emocionais para os frequentadores da região da Nova Feirinha.

“O que a gente tem é uma doença de aspecto físico, mental e espiritual que afeta todas as áreas da nossa vida. E o mais prejudicado, na verdade, é o mental, porque é o mais difícil de controlar”. Dejane Ribeiro, 50 anos, está em situação de rua há quatro anos. Mesmo depois de passar dez anos sóbria, ela teve uma recaída e voltou para a dependência química. Ela foi uma das dezenas de pessoas atendidas pela ação aberta do Setembro Amarelo, promovido pela Prefeitura de Araguaína na região da Feirinha, na manhã do dia 14.

Dejane fez o teste de glicemia, que mostrou que os níveis de insulina dela estavam bons, e depois lanchou junto aos colegas. “Essa ação, com essa dimensão, é de grande valia para nós, porque não é todo mundo que faz esse tipo de trabalho. O Consultório na Rua, por exemplo, está toda semana aqui com a gente. Essas pessoas têm um olhar diferente com a gente; então não é só o serviço, mas é um amor, eles cuidam da gente como se fossem mãe. É um trabalho lindíssimo”.



Dependência x Suicídio

A região foi especialmente escolhida, pelas secretarias da Saúde e da Assistência Social, Trabalho e Habitação, porque ainda abriga grupos com dependência química. Getúlio Júnior, assistente social do CapsAD III (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas), explica que um dos fatores que levam a pessoa a cometer o suicídio está relacionado ao uso abusivo de substâncias entorpecentes.

Por isso, os serviços levados pela prefeitura abordaram a necessidade do cuidado com o corpo e a mente, e a valorização da vida, sensibilizando as pessoas sobre a importância de se manterem firmes em suas caminhadas, independente de recaídas, uso e dependência.

“O ponto de partida de um tratamento para dependência química é o vínculo; por isso, essa ação foi proposta para criar essa proximidade, mas sempre respeitando as particularidades de cada pessoa e o desejo de aderir ao tratamento. A gente está levando cuidados em saúde, higiene, orientações gerais e verificando quem tem interesse em buscar ajuda. E reforçamos que eles têm à disposição uma rede de atendimentos para superarem o vício”, disse Getúlio.

Mente sã, corpo são

Quem procurou a tenda montada atrás da Nova Feirinha recebeu atendimentos em saúde, com testes de glicemia, aferição de pressão, alimentação, kit para banho e os serviços do Consultório de Rua para curativos, avaliações físicas e eventuais encaminhamentos para um atendimento mais detalhado em alguma UBS (Unidade Básica de Saúde) da cidade.

O serviço de corte de cabelo ficou sob a responsabilidade do técnico em enfermagem do CapsAD III, Erimar Santos Silva. Mesmo sem formação em cabeleireiro, ele diz que aprendeu a cortar na prática e, há seis anos, oferece o serviço para os colegas e em ações de voluntariado.

“E o pessoal gosta bastante. Eu gosto muito de fazer esse serviço e estou feliz por estar aqui. Eu faço com carinho porque a gente vê que as pessoas precisam disso”, contou Erismar.

As ações foram conduzidas pelas equipes multidisciplinares das secretarias envolvidas e contaram com o apoio de acadêmicos do Curso de Enfermagem da Unopar de Araguaína.

Motivação a mais para mudar de vida

Por motivos familiares, Lucas Rocha, de 23 anos, está em situação de rua. Segundo ele, as maiores dificuldades para quem não tem um lar é cuidar da higiene pessoal e alimentação; por isso, ele foi um dos primeiros atendidos com o corte de cabelo e o lanche oferecido.

“Para nós, quando esse pessoal vem para oferecer ajuda, é sempre muito bom. A gente é bastante discriminado pela sociedade; muitos de nós não estão nessa vida porque querem. Hoje eu matei a fome, cortei o cabelo e gostei bastante”, agradeceu Lucas.

Ele ainda fez questão de compartilhar que ações como essas são um combustível a mais para que pessoas como ele consigam superar o vício. “Eu quero sair dessa situação, eu vou sair para ficar perto da minha filha de três anos. E esse tipo de ação dá mais ânimo para a gente lutar e sair dessa vida.”

Dejane também tem o desejo de se ver livre da dependência química. “Eu creio que vou sair dessa situação muito em breve. Eu conheço a teoria e a prática dessa vida e às vezes eu acho que preciso cumprir esse papel para poder sair dessa.”

Fotos: Ricardo Sottero

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