Os ucranianos voltam à carga junto dos aliados alemães e norte-americanos para que estes forneçam mísseis com maior alcance. Pelo seu lado os russos, com um propósito semelhante, preparam-se para receber o ditador norte-coreano.
Em visita a Kiev, a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã ouviu o seu homólogo agastado com a demora de Berlim em chegar a uma decisão sobre o envio dos mísseis Taurus para a Ucrânia. “Não compreendo porque estamos a perder tempo. Podíamos ter alcançado mais, podíamos ter salvado mais vidas de soldados e de civis ucranianos se já tivéssemos os Taurus”, lamentou Dmytro Kuleba ao lado de Analena Baerbock. “Tal como aconteceu com as entregas anteriores que efetuámos, todas estas questões têm de ser resolvidas”, limitou-se a dizer a dirigente alemã sobre o tema.
Kiev pediu em maio para que Berlim forneça o míssil de cruzeiro sueco-alemão lançado do ar que tem como principais características um alcance de 500 quilómetros, capacidade de evasão dos radares devido à possibilidade de voar a baixa altitude (30 a 70 metros) e grande precisão. Mas o chanceler Olaf Scholz – tal como quando sucedeu com a decisão sobre os tanques de guerra Leopard 2 – tem resistido.
Ao que os meios de comunicação alemães noticiaram, o social-democrata temerá que o míssil seja usado para atacar território russo e teria inclusive pedido para que o alcance dos Taurus a entregar fosse revisto em baixa. Ao que se sabe, a Alemanha terá centenas de unidades armazenadas.
Sem capacidade para pôr em causa a superioridade aérea russa, Kiev deseja este tipo de armamento para poder atingir os centros logísticos e de comando, bem como infraestruturas aos quais neste momento não tem capacidade para chegar ao território ocupado, quer no Donbass, quer na Crimeia. Isto mesmo terá sido transmitido numa reunião do presidente ucraniano com a ministra Baerbock, na sua quarta visita à capital ucraniana.
Volodymyr Zelensky também pretende voltar a pressionar o presidente dos EUA no que respeita aos mísseis balísticos ATACMS (dependendo do modelo atinge distâncias de 130 até 300 quilómetros). Em fevereiro, Washington rejeitou essa pretensão, tendo alegado poucas unidades em inventário para ceder. “Espero recebê-los no outono. Para nós é muito importante não pausarmos nesta contraofensiva”, disse em entrevista à CNN, dias depois de a ABC News, citando altos funcionários norte-americanos, ter noticiado o envio dos mísseis.
Moscovo e Pyongyang confirmaram que Kim Jong-un está a caminho da Rússia para se encontrar com Vladimir Putin. A troca de munições e de mísseis norte-coreanos por tecnologia russa para submarinos nucleares e para satélites, além de comida, estarão em discussão.
Fonte: dn.pt