Um balanço emitido no domingo ao fim da tarde contabilizou 2122 mortos e 2421 feridos como resultado do sismo de 6,8 na escala de Richter que na sexta-feira atingiu Marrocos, com epicentro na localidade de Ighil, 63 quilómetros a sudoeste de Marraquexe.
As operações de resgate prosseguiram este domingo, mas as equipas internacionais que se disponibilizaram ainda aguardavam luz verde de Rabat para poder avançar para o terreno – e essa espera já motivou protestos de cidadãos marroquinos nas redes sociais. Marrocos, “nesta fase”, apenas aceitou ajuda de quatro países: Espanha, Reino Unido, Qatar e Emirados Árabes Unidos.
Segundo Arnaud Fraisse, da organização Rescuers Without Borders, uma centena de equipas, num total de 3 500 elementos de todo o mundo, estão registadas na plataforma das Nações Unidas, prontas para partir para Marrocos, mal haja autorização das autoridades marroquinas. Segundo a Associated Press, as Nações Unidas já têm uma equipa no terreno, em coordenação com as autoridades locais, para avaliar a ajuda internacional que será necessária. Em resposta a um pedido bilateral das autoridades marroquinas, Espanha também já enviou um avião da Força Aérea com 56 soldados e quatro cães especializados em operações de busca e resgate.
O rei de Marrocos, Mohammed VI, ordenou que seja providenciada água, comida e abrigo a quem perdeu as suas casas e pediu que as mesquitas espalhadas pelo país rezassem pelas vítimas durante o dia. O exército marroquino mobilizou equipas especializadas de busca e resgate. Algumas lojas de Marraquexe já voltaram a abrir portas, depois de o rei ter encorajado a retoma da atividade económica e ter dado ordens para o início da reconstrução dos edifícios destruídos.
O primeiro-ministro português salientou que que Portugal tem equipas de proteção civil e medicina legal em estado de prontidão para apoiar Marrocos. “Já disponibilizámos ao Reino de Marrocos a total disponibilidade de Portugal participar no apoio que entenda necessário. Até agora, não nos foi solicitado qualquer apoio, mas temos disponíveis, quer na área da proteção civil, quer na área da medicina legal. Temos equipas que estão em estado de prontidão para apoiarem o Reino de Marrocos se houver alguma solicitação nesse sentido”, declarou.
Na noite de sábado, a Força Aérea Portuguesa retirou de Marrocos 102 cidadãos portugueses que pediram ajuda para deixar o país. Entre eles um adulto e uma criança (pai e filho) feridos. Uma das turistas repatriadas, Filipa Marques, contou à Lusa a sua experiência na praça Jamma El-Fna, um dos pontos mais turísticos de Marraquexe, na sexta-feira à noite, quando o terramoto ocorreu. “O chão começou a tremer, as pessoas ficaram em pânico, desatou tudo a correr”, disse, relatando que estava mesmo ao lado do minarete da mesquita Kharbouch, que desabou parcialmente. “Dois minutos antes, estávamos ali. O minarete caiu e ficaram carros soterrados.”
Segundo acrescentou, estava alojada num “riad” (pequeno hotel). Porque os detritos das derrocadas de fachadas de edifícios dificultavam o acesso ao alojamento – e por receio de que as rélicas fizessem desabar o prédio – decidiu passar a noite ao relento na praça, dormindo num tapete.
Quanto ao apoio à reconstrução, o Banco Africano de Desenvolvimento anunciou, através do seu presidente, Akinwumi Adesina, a sua disponibilidade para “contribuir com recursos e conhecimentos especializados para ajudar a reconstruir as infraestruturas afetadas nas comunidades”.
No Vaticano, o Papa Francisco pediu ,no final da oração dominical do Ângelus, “que a ajuda concreta de todos possa apoiar a população neste momento trágico”.
Fonte: dn.pt
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