O chefe dos serviços secretos militares ucranianos, Kyrylo Budanov, assegurou este sábado, no decurso de uma conferência em Kiev, que os ataques ucranianos contra a Rússia são essencialmente dirigidos ao complexo militar-industrial.
Os ataques “destinam-se prioritariamente a empresas do complexo militar-industrial russo”, declarou no decurso de uma rara aparição durante a conferência International Yalta European Strategy (YES), em Kiev.
Budanov disse que uma fábrica russa que fabrica ‘chipes’ eletrónicos para os mísseis Iskaner, utilizados por Moscovo nos bombardeamentos, foi “recentemente” atacada.
“As explosões no país agressor perturbam um pouco a sociedade, mas infelizmente para nós ainda não possuem um efeito massivo”, considerou, ao perspetivar que estes ataques irão provocar “problemas consideráveis” para os russos.
“É uma questão de tempo”, afirmou Budanov.
O chefe da secreta militar assinalou ainda que a contraofensiva ucraniana, que tem avançado lentamente desde o início de junho, vai prosseguir após o final do verão, mais propício ao movimento de tropas.
“A ofensiva vai prosseguir em todas as direções”, declarou, apesar de admitir que a mudança de estação poderá ter um impacto “negativo” no avanço das tropas ucranianas.
Ao discursar no mesmo conclave, o general Vadym Skibitsky, chefe-adjunto dos serviços de informações junto do ministério da Defesa, indicou que a Rússia deslocou mais de 420.000 soldados “nas zonas temporariamente ocupadas” do leste e sul da Ucrânia, incluindo a Crimeia.
“Este número não inclui a Guarda nacional russa e outras estruturas especiais responsáveis pela manutenção do poder de ocupação nos nossos territórios”, precisou.
No mesmo encontro, a vice-ministra da Defesa, Ganna Maliar, sublinhou por sua vez que os russos pretendem recapturar as zonas na região de Kharkiv (nordeste) retomadas há um ano pelo Exército ucraniano.
“Querem uma vingança”, disse. “O seu objetivo também consiste em dispersar as nossas forças para que não nos possamos concentrar na zona e Bakhmut, onde avançamos com sucesso”, acrescentou.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.
Fonte: dn.pt