Prigozhin sepultado à porta fechada e sem a presença do “amigo” Putin

Fonte do grupo Wagner anunciou o funeral do líder sem precisar a data, num dia em que o chefe da logística dos mercenários também foi sepultado em São Petersburgo.

O fundador e líder do grupo paramilitar russo Wagner foi sepultado numa cerimônia à porta fechada, em São Petersburgo, na Rússia, anunciaram fontes do coletivo mercenário pela rede social Telegram e em declarações à agência Tass.

“A despedida de Yevgeny Prigozhin, de acordo com a vontade dos familiares, ocorreu apenas na presença de parentes e amigos”, afirmou a fonte citada pela agência.

A assessoria de imprensa de Prigozhin já tinha confirmado a realização da cerimônia pela rede social, numa publicação onde se lia também: “Quem quiser despedir-se [de Prigozhin] pode visitar o cemitério de Porokhovskoye”.

Durante a manhã, diversos meios de comunicação russos tinham noticiado a eventual realização do funeral de Prigozhin e dos restantes membros do grupo Wagner, que teriam morrido na queda suspeita do avião do mercenário há cerca de uma semana, pouco depois de decolar de Moscou.

O porta-voz do Presidente russo foi mesmo questionado sobre a eventual presença de Putin nas cerimônias fúnebres do antigo amigo e aliado paramilitar, que em junho protagonizou uma revolta em pleno território russo contra o Ministério da Defesa do Kremlin.

“A presença do Presidente não está prevista. Nem temos informações específicas sobre o funeral. A decisão sobre esse assunto é tomada por familiares e amigos. Aqui não podemos dizer nada sem eles”, afirmou Dmitri Peskov.

Prigozhin foi confirmado no domingo pela Rússia como um dos mortos, na sequência da queda do avião, em que o líder do grupo Wagner era um dos dez nomes na lista de passageiros e tripulantes.

A aeronave caiu a pique pouco depois de ter decolado em Moscou rumo a São Petersburgo. Não houve sobreviventes, numa tragédia que estará sendo investigada por uma comissão russa e com causas ainda por apurar ou, quem sabe, apenas por anunciar.

O “martelo” não oficial do Kremlin

O grupo Wagner teve uma participação essencial no avanço das tropas russas pelo leste da Ucrânia, após a invasão militar decretada por Putin em 24 de fevereiro de 2022.

O grupo, visto como o “martelo” (objeto que Prigozhin usava para castigar traidores) militar não oficial da Rússia, tem sido também um importante braço armado não oficial do Kremlin na África, mas uma revolta contra o Ministério da Defesa russo, protagonizada pelos paramilitares em 24 de junho, com Prigozhin à cabeça, criou uma fratura insanável entre os Wagner e Putin.

Apesar das aparentes tréguas entre ambos, a queda do avião de Prigozhin pouco depois de decolar de Moscou rumo a São Petersburgo levantou suspeitas de atentado e colocou, com naturalidade, Putin como provável mandante.

O Kremlin nega quaisquer responsabilidades na estranha queda a pique do avião de Prigozhin. Putin lamentou inclusive a morte de “um homem talentoso”, que conheceu “no início dos anos 90”, sem se coibir de dizer que o mercenário “teve um percurso complicado, que cometeu alguns erros ao longo da vida”.

“Prigozhin sempre soube atingir os seus fins, tanto para ele próprio como para a causa comum, como se viu nos últimos meses”, referiu ainda Putin, numa mensagem de condolências enviada à família, dias antes da alegada confirmação genética de que o líder do grupo Wagner estava de fato entre os mortos do avião.

Os apoiadores do mercenário dizem que a morte de Prigozhin já se sente na invasão da Ucrânia, denominada pelo Kremlin como “operação especial militar”.

“Sem o grupo Wagner na linha da frente, a situação está muito pior. É por isso que estamos de luto. Foi uma grande perda”, disse uma mulher junto de um memorial levantado nos últimos dias em nome de Prigozhin.

Um homem também apoiador dos Wagner assumiu: “Para mim, eles são heróis. São exemplos para o povo russo. Deram a vida pela pátria”.

Chefe de logística dos Wagner sepultado

A data e local da realização dos funerais de Yevgeny Prigozhin e dos restantes membros do grupo Wagner que seguiam no avião não foram oficialmente divulgados, nem pelas famílias nem pela organização paramilitar.

No entanto, barreiras metálicas e várias medidas de alta segurança foram instaladas no cemitério de Serafimovskoye, em São Petersburgo, que é o utilizado por altas figuras da sociedade russa, heróis da era soviética e o mesmo onde estão sepultados, por exemplo, os pais de Vladimir Putin.

A Associated Press divulgou algumas fotografias do que garante ser o funeral de Valery Chekalov, o chefe de logística do grupo Wagner e um dos dez nomes no manifesto de voo do avião onde também seguiria Yevgeny Prigozhin.

AP Photo/Dmitri Lovetsky
Dezenas de pessoas junto à alegada urna de Valery Chekalov, que também seguiria no avião de Prigozhin
AP Photo/Dmitri Lovetsky

Não são mostradas outras urnas para além da de Chekalov e mesmo a Reuters noticia que vários mercenários russos e funcionários de Prigozhin se juntaram à família da vítima no cemitério onde ecorreu a despedida do chefe da logística do grupo Wagner.

A cerimônia fúnebre de Chekalov foi liderada por um padre ortodoxo e alguns dos presentes, incluindo mulheres e crianças, foram vistos beijando a urna.

Fonte: dn.pt

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